Valter Pereira (PMDB-MS) protestou ontem contra a fabricação e comercialização de bombas de fragmentação, “sem limitações”, por pelo menos três indústrias bélicas brasileiras. O senador disse que ficou “estarrecido” quando leu nesse domingo a coluna do jornalista Jânio de Freitas, publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, sob o título “O país escondido”, em que foi revelada a recusa do governo Luiz Inácio Lula da Silva em assinar um tratado contra a fabricação, uso e venda desse tipo de armamento, juntamente com outros 92 países.
O artigo também alerta para o fato de que a produção desse tipo de armamentos de guerra acontece “às escuras”, sem o conhecimento da população ou do Congresso Nacional. Valter Pereira reconheceu que qualquer país precisa de Forças Armadas e que seria ingenuidade pensar que o pacifismo do Brasil justificaria abrir mão de armamentos e organizações militares. Ele assinalou que o Brasil tem um vasto território, é objeto de muita cobiça e tem fronteiras vulneráveis.
– Todavia, tolerar a fabricação de bombas de fragmentação é alimentar um dos mais covardes ataques a seres humanos – afirmou.
O senador salientou a capacidade dessas bombas de multiplicar o número de vítimas, grande parte delas civis, que morrem ou são mutilados instantaneamente ou em diferentes momentos. As bombas de fragmentação podem ficar enterradas e não explodir até que alguém pise nelas.
– Imagine tais bombas de fragmentação nas mãos de traficantes que promovem verdadeira guerrilha urbana; de delinqüentes que enfrentam a polícia e roubam metralhadoras de dentro de quartéis do Exército; de meliantes que perderam o respeito pela vida humana. Não quero acreditar que a produção e comercialização de tais artefatos resultem de um projeto de política externa de viés belicoso – frisou.
MÍSSEIS
Na avaliação de Valter Pereira, a venda de cem mísseis ao Paquistão, aprovada pelo governo brasileiro na terça-feira passada, foi um grande erro. Ele observou que foi fornecido material bélico a um país amigo que vive “às turras” com seu vizinho, a Índia – que, por sua vez, é também uma antiga parceira do Brasil na comunidade internacional.