Porto Alegre (28/11/2008)- O Sistema Nacional de Mobilização (Sinamob), criado no ano passado para mobilizar o país em caso de crise que possa levar a uma guerra, deverá preparar estruturas militares que possam também entrar em ação, num prazo de 12 horas, em situações de calamidade pública e de ajuda humanitária, como a que ocorre com as enchentes em Santa Catarina. A informação foi dada hoje pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, em entrevista após cerimônica de troca de comando no Comando Sul, onde o General-de-Exército José Elito Carvalho Siqueira passou o cargo para o General-de-Exército José Carlos De Nardi.
Nos últimos dias, forças e equipamentos militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, foram responsáveis pelo resgate de centenas de vítimas das enchentes e pelo transporte e distribuição de dezenas de toneladas de alimentos e roupas, em apoio às autoridades da defesa civil, numa demonstração do que pode vir a ser parte do planejamento regular do Ministério da Defesa para as organizações militares.
Jobim explicou que no dia 19 de novembro, durante a primeira reunião do Comitê Gestor do Sinamob, presidido pela Defesa, houve discussão sobre o uso da infra-estrutura do sistema para ajudar em calamidades. A Defesa é defensora dessa posição, tendo em vista a grande capilaridade territorial das Forças Armadas, mas houve debate sobre esse direcionamento, tendo em vista que a ajuda em calamidades é do âmbito da Defesa Civil. "Logo após, veio acontecer esse assunto de Santa Catarina e foi reforçada a tese do Ministério da Defesa", disse Jobim.
Segundo o ministro, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o autorizou a prosseguir os estudos para que o Sinamob também preveja a preparação dos militares para essa atividade. "O Presidente autorizou que eu prossiga nos estudos para nós termos a possibilidade de as Forças Armadas - quer o Exército, a Marinha ou a Aeronáutica - ter condições de em 12 horas, ou até em 8 horas, mobilizar-se logisticamente para atender esse tipo de evento", explicou o ministro.
Esse tipo de mobilização, exigirá treinamentos e equipamentos específicos, já que hoje os militares utilizam seus recursos normais durante as emergências, inclusive equipamentos, alimentos e combustíveis, e depois aguardam sua reposição. Os hospitais de campanha cedidos nessas operações, por exemplo, são originalmente destinados a socorrer militares feridos no campo de batalha.
Jobim explicou também que a atuação dos militares deverá ir além do socorro às vítimas: "Nós temos duas situações distintas. Uma, é o salvamento, a ação imediata em cima do fato; a outra é a logística pós-fato, como podemos responder para a recomposição dos lugares atingidos", afirmou.
Operação de Socorro - Nesta quinta-feria, aumentou para 1017 o número de militares envolvidos no socorro em Santa Catarina. São 888 homens do Exército, 137 da FAB e 103 da Marinha, que aumentou seu efetivo com a mobilização do navio patrulha Benevente. O número de viaturas, a maioria caminhões, subiu para 49, sendo 45 do Exército, e continuam em operação 13 helicópteros militares (7 da FAB, 4 do Exército e dois da Marinha) e dois aviões cargueiros da FAB. Há ainda em uso 22 botes (16 do Exército e 6 da Marinha), 4 geradores, um posto de abastecimento de água, e uma ponte de campanha, entre outros.