Juraci Perboni | O Globo
FLORIANÓPOLIS. Os dez soldados e um sargento do Exército flagrados numa reportagem da RBS TV, afiliada da TV Globo, furtando donativos destinados a vítimas das enchentes em Santa Catarina deverão ser ouvidos a partir de hoje no inquérito policial militar (IPM) aberto para investigar a participação deles na ação que chocou o país. O Exército abrira sindicância para apurar a transgressão às suas normas, mas, ontem à tarde, o caso se transformou em IPM, diante do indícios de crime e da repercussão. Todos estão detidos no 23º Batalhão de Infantaria de Blumenau.
De acordo com o comandante da 14ª Brigada de Infantaria Motorizada em Florianópolis, general Manoel Luiz Pafiadache, responsável pelo Batalhão do Exército em Blumenau ao qual pertenciam os militares, os objetos furtados do pavilhão 1 do Parque da Vila Germânica foram devolvidos sábado, quando o comando soube da reportagem:
- Ainda não sabemos se foram todos que participaram. Vamos ouvir um por um. O que aconteceu foi falta de comando, de liderança do responsável pelo grupo, que era o sargento.
O general explicou que o fato de não ter havido o flagrante contra os soldados faz com que o caso precise agora ter uma apuração mais demorada. Ele disse que os militares poderão ser presos e até expulsos da corporação.
- Mas isso vai depender de decisão da Justiça Militar - disse o general, que não revelou o nome dos envolvidos.
Diante da repercussão do episódio, os militares do Exército que faziam a triagem dos donativos não estão mais no pavilhão 1. Porém, cerca de 800 homens continuam atuando nos abrigos e na segurança dos milhares de desabrigados.