Organização é acusada por muitos de ser ineficiente e despreparada para resolver conflitos
David Lewis
Os representantes de operações de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no leste da República Democrática do Congo, sob uma rajada de críticas por falhar em proteger civis numa guerra caótica entre rebeldes, Exército e milícias, lutam para encontrar seu papel na guerra para evitar conflitos e desastres humanitários no mundo.
Quase 10 anos depois de serem enviados para a região, os militares são acusados pelo governo e civis de ficarem inertes - críticas que já foram feitas em intervenções anteriores em outros locais, como Sarajevo. Rebeldes antigoverno os chamam de preconceituosos e diplomatas dizem que sua ação é confusa.
- Não tenho mais certeza de qual é nossa posição. Estávamos prontos para intervir, mas não o fizemos - disse um oficial da ONU no Congo depois de os rebeldes avançarem, expulsando o Exército.
Cresceu a pressão internacional para que a ONU aperfeiçoe e fortaleça suas operações de paz.
A comunidade internacional já gastou bilhões de dólares tentando ajudar a ex-colônia da Bélgica, rica em minerais, no coração da África, a se recuperar da guerra que matou 5 milhões de pessoas por meio de violência, fome e doenças. Além dos reforços, os líderes mundiais querem que a força da ONU prepare as tropas de forma mais eficiente e as torne mais robustas.
- Também achamos que eles (da operação de paz) deviam aproveitar a oportunidade para rever as regras de engajamento - analisa Jean-Maurice Ripert, embaixador da França na ONU.
A força da ONU no Congo reclama que está sofrendo muita pressão e que não consegue proteger todos os civis no leste. Um aspecto-chave do papel da missão tem sido apoiar o Exército nacional, uma amálgama de antigo governo, rebeldes e milícias da última guerra.
Os soldados da ONU forneceram treinamento, ajuda logística e médica e lutaram, freqüentemente, junto com os soldados do governo, usando armas pesadas e oferecendo suporte aéreo em batalhas contra rebeldes. Mas a relação se tornou cada vez mais desconfortável, à medida que soldados desertores passaram a roubar, matar e estuprar civis.
- O Exército estupra e mata. Como os que mantém a paz podem apoiar criminosos como esses? - indigna-se um diplomata.
A organização se esforça para rebater as críticas.
- Nós demos ajuda suficiente ao Exército, mas se o Exército não está lá, então, existe obviamente um problema - observa o chefe da operação Alan Doss.