A ocupação da fronteira mato-grossense com a Bolívia, proposta pelo Exército no último dia 22, deve ser homologada em breve pelo Ministério da Defesa.
Diário de Cuiabá
Com a execução da proposta, 22 terras indígenas da fronteira receberiam postos do Exército, para combater crimes como contrabando e exploração ilegal de madeira e garimpo. O plano de ocupação, apresentado pelo comandante da 13ª Brigada de Infantaria Motorizada, general Theófilo Gaspar Oliveira, é determinado por um decreto presidencial de julho deste ano.
Foto: 13ª Brigada de Infantaria Motorizada |
A atuação do Exército contra os crimes na fronteira deve ser benéfica para as comunidades indígenas. Gilmar Soeiro, chefe de fiscalização da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Cuiabá, diz que as atividades ilegais na região de fronteira, principalmente dos madeireiros, influenciam negativamente as comunidades, como as dos índios chiquitanos e nambiquara. Algumas organizações não-governamentais também estariam utilizando a fronteira para atividades ilegais, como a biopirataria.
Aliciados a contribuir na extração ilegal pelos homens brancos, os índios estão convivendo com doenças como a gripe, sendo induzidos ao alcoolismo e sofrendo de desnutrição.
As principais terras indígenas na fronteira com a Bolívia são as de Sararé, no município de Pontes e Lacerda (448 quilômetros de Cuiabá), Vale do Guaporé, em Comodoro (644 quilômetros), Terra Indígena Nambiquara e Lagoa dos Brincos, entre Comodoro e Vilhena (RO), Taihantesu, em Nova Lacerda (546 quilômetros), e Portal do Encantado, em Porto Esperidião (326 quilômetros).
Para a ocupação, deve ser determinado o reforço do 2º Batalhão de Fronteira do Exército na região de Cáceres. Por decreto presidencial, o Exército ganha poder de polícia para fiscalizar a fronteira seca, com cerca de 700 quilômetros de extensão. O tenente-coronel Elto Valich, da 13ª Brigada de Infantaria Motorizada, revela que justo a extensão da fronteira é o maior desafio para o Exército na região. (RD)