O Brasil assinará no final deste ano um acordo com a França que, o governo espera, resultará na transferência de tecnologia na área de defesa e no ressurgimento da indústria militar do país. Críticos, no entanto, apontam os equipamentos franceses como inadequados para as necessidades do país.
Analistas ouvidos pela Reuters vêem as potências militares Estados Unidos e Rússia como melhores opções para o Brasil.
“Do ponto de vista político do governo Lula até faz sentido (a parceria com a França)”, avaliou Gunther Rudzit, assessor do ministro da Defesa entre 2001 e 2002, quando a pasta era comandada por Geraldo Quintão.
“Mas não acho do ponto de vista estratégico”, acrescentou Rudzit, que tem mestrado em segurança nacional pela Georgetown University e hoje é professor das Faculdades Integradas Rio Branco.
Apesar de seu histórico de boas relações com os EUA, analistas lembram que tradicionalmente o Brasil busca evitar ser visto como aliado incondicional de Washington e, segundo Jorge Zaverucha, cientista político da Universidade Federal de Pernambuco, a atual aproximação da Rússia com a Venezuela também complicou uma aproximação de Brasília com Moscou.
“O Brasil estava na dúvida entre a França e a Rússia. Com a aproximação desta com a Venezuela, os EUA disseram que não se oporiam a um acordo militar do Brasil com a França. Para bom entendedor meia palavra basta”, disse.
SUBMARINOS
Um dos pontos mais alardeados na aproximação entre Brasil e França é a transferência de tecnologia francesa para a construção da parcela convencional do submarino à propulsão nuclear. Autoridades militares brasileiras, que afirmam que o país já domina a técnica da parte nuclear da embarcação, vêem o projeto como prioritário.
O argumento é de que o submarino nuclear tem maior autonomia e capacidade de permanecer por mais tempo no fundo do oceano. Já os críticos avaliam que o submarino nuclear não é o melhor equipamento para patrulhar as águas rasas do litoral brasileiro, e pode ser detectado por conta do ruído feito pelo reator.
A parceria com os franceses deve incluir a construção de quatro submarinos convencionais, modelo Scorpene, que também seria usado como plataforma para a fabricação do submarino nuclear, cuja primeira unidade a Marinha espera para 2020.
“Eu acho que vai ser a maior loucura que nós vamos fazer”, disse Expedito Bastos, pesquisador da área de Defesa da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG). “Não seria muito melhor termos 20 submarinos convencionais? Seria uma frota de alto mar fantástica, nós controlaríamos todo nosso litoral com isso”.
Atualmente, a Marinha tem em sua frota 5 submarinos convencionais, cuja fabricação com tecnologia alemã começou na década de 1980, para patrulhar 4,5 milhões de quilômetros quadrados.
“Para um país de dimensões continentais, eu acho que equipamentos americanos e russos seriam mais adequados”, disse Rudzit.
Procurado pela Reuters, o Ministério da Defesa não estava imediatamente disponível para comentar as críticas dos analistas.
Analistas ouvidos pela Reuters vêem as potências militares Estados Unidos e Rússia como melhores opções para o Brasil.
“Do ponto de vista político do governo Lula até faz sentido (a parceria com a França)”, avaliou Gunther Rudzit, assessor do ministro da Defesa entre 2001 e 2002, quando a pasta era comandada por Geraldo Quintão.
“Mas não acho do ponto de vista estratégico”, acrescentou Rudzit, que tem mestrado em segurança nacional pela Georgetown University e hoje é professor das Faculdades Integradas Rio Branco.
Apesar de seu histórico de boas relações com os EUA, analistas lembram que tradicionalmente o Brasil busca evitar ser visto como aliado incondicional de Washington e, segundo Jorge Zaverucha, cientista político da Universidade Federal de Pernambuco, a atual aproximação da Rússia com a Venezuela também complicou uma aproximação de Brasília com Moscou.
“O Brasil estava na dúvida entre a França e a Rússia. Com a aproximação desta com a Venezuela, os EUA disseram que não se oporiam a um acordo militar do Brasil com a França. Para bom entendedor meia palavra basta”, disse.
SUBMARINOS
Um dos pontos mais alardeados na aproximação entre Brasil e França é a transferência de tecnologia francesa para a construção da parcela convencional do submarino à propulsão nuclear. Autoridades militares brasileiras, que afirmam que o país já domina a técnica da parte nuclear da embarcação, vêem o projeto como prioritário.
O argumento é de que o submarino nuclear tem maior autonomia e capacidade de permanecer por mais tempo no fundo do oceano. Já os críticos avaliam que o submarino nuclear não é o melhor equipamento para patrulhar as águas rasas do litoral brasileiro, e pode ser detectado por conta do ruído feito pelo reator.
A parceria com os franceses deve incluir a construção de quatro submarinos convencionais, modelo Scorpene, que também seria usado como plataforma para a fabricação do submarino nuclear, cuja primeira unidade a Marinha espera para 2020.
“Eu acho que vai ser a maior loucura que nós vamos fazer”, disse Expedito Bastos, pesquisador da área de Defesa da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG). “Não seria muito melhor termos 20 submarinos convencionais? Seria uma frota de alto mar fantástica, nós controlaríamos todo nosso litoral com isso”.
Atualmente, a Marinha tem em sua frota 5 submarinos convencionais, cuja fabricação com tecnologia alemã começou na década de 1980, para patrulhar 4,5 milhões de quilômetros quadrados.
“Para um país de dimensões continentais, eu acho que equipamentos americanos e russos seriam mais adequados”, disse Rudzit.
Procurado pela Reuters, o Ministério da Defesa não estava imediatamente disponível para comentar as críticas dos analistas.