Moscou e Caracas, 16 de Outubro de 2008 - A Rússia deve fechar em breve com a Venezuela um acordo para a venda de veículos blindados usados no transporte de tropas, afirmou o vice-diretor da empresa estatal russa exportadora de armas, segundo a agência de notícias do país Interfax.
"A cooperação militar-tecnológica com a Venezuela vem se intensificando muito", disse Igor Sevastyanov, vice-diretor-geral da Rosoboronexport. As declarações dele foram divulgadas pela Interfax ontem.
"Estamos planejando o fornecimento de uma grande quantidade de veículos de infantaria BMP-3. O contrato deve ser assinado dentro de um mês", afirmou.
O BMP-3 é um veículo blindado de 19 toneladas usado para o transporte de tropas. Ele possui uma metralhadora 100 mm e pode carregar três tripulantes e sete passageiros. Segundo Sevastyanov, as negociações sobre a venda de sistemas de defesa costeira e de artilharia também avançam. Não foram, porém, divulgados maiores detalhes a esse respeito.
A Rússia anunciou no mês passado que forneceria à Venezuela um empréstimo de US$ 1 bilhão para cobrir a compra de armas e equipamentos militares de fabricação russa.
Os dois países, ambos grandes produtores de petróleo, dizem ter aprofundado seus laços ampliando a cooperação nos setores econômico e militar.O presidente venezuelano, Hugo Chávez, deu apoio à Rússia na guerra contra a Geórgia em torno da região separatista da Ossétia do Sul.
Chávez, famoso por suas críticas aos EUA, recebeu em território venezuelano aviões bombardeiros russos neste mês e navios de guerra da Rússia realizarão exercícios na Venezuela em novembro. Essas deverão ser as primeiras manobras do tipo nas Américas desde o fim da Guerra Fria.
EXERCÍCIOS COM O BRASIL
Ontem, o Congresso venezuelano aprovou verbas para a realização de exercícios militares aéreos com Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e França, um mês antes do início de exercícios navais com a Rússia no Caribe.
Segundo relatório da Comissão de Finanças da Assembléia Nacional, foram liberados 5,3 milhões de bolívares (US$ 2,5 milhões). Não foi informada a data para o início das manobras.
Uma parte importante dos recursos foi destinada à operação Venbra-V 2008, em conjunto com a Força Aérea Brasileira, que pretende "realizar exercícios de detecção, identificação, interceptação e transferência de vôos ilícitos simulados entre a AVIAÇÃO Militar Bolivariana e a Força Aérea do Brasil", segundo o informe.
A segunda operação será a Cruzex IV-2008, que consiste de exercícios com outros países sul-americanos, para "atuar contra um país agressor que invada seu vizinho, transgredindo as leis e acordos internacionais, aplicando táticas e técnicas de emprego em missões Contra Força Aérea Ofensiva", disse a nota.