No meio de alguma polêmica vieram nos últimos dias a público opiniões que, de alguma forma, são coincidentes no sentido de afirmar que a possibilidade de uma vitória militar do ponto de vista convencional, dificilmente virá a ocorrer no Afeganistão.
Um jornal francês publicou declarações que, alegadamente, terão sido proferidas pelo embaixador britânico em Cabul, Sir Sherard Cowper-Coles, segundo as quais, a vitória no conflito contra o movimento Talibã era impossível e que o caminho mais simples seria a colocação no poder de um ditador.
Foi dada credibilidade à notícia quando foi divulgada, embora ainda neste domingo, o Ministério Britânico dos Negócios Estrangeiros tenha afirmado que o embaixador não proferiu tais declarações.
Se as declarações do embaixador que implicavam que o atual governo Karzai não é adequado para responder às necessidades da situação, outras declarações, desta vez do brigadeiro Mark Carleton-Smith, um dos responsáveis militares britânicos no terreno vieram deitar lenha na fogueira ao afirmar que a guerra no Afeganistão não podia ser ganha.
O militar britânico afirmou que embora as forças da coligação internacional possam reduzir a intensidade do conflito para um nível que possa ser gerido pelo exército afegão, as forças internacionais no território não têm como ganhar efetivamente aquele conflito.
Nas mesmas declarações, o militar britânico afirmou que, com a aproximação do inverno, se pode concluir que o movimento Talibã foi derrotado em 2008, mas que a vitória é apenas temporária. O militar afirmou que uma das possibilidades para resolver a questão seria o diálogo com o Talibã, o qual é considerado, internacionalmente, uma organização terrorista e de tráfico de drogas.
Segundo a visão genérica daquele militar britânico, as forças da OTAN não podem ser derrotadas, pois são demasiado poderosas e isso ficou demonstrado neste verão, mas não é realista achar que quando as forças da OTAN saírem deixará de haver bandos armados pelos confins das montanhas do Afeganistão.
As declarações britânicas não deixam de ser interessantes de analisar, especialmente por se tratar do Afeganistão, uma área que a Grã-Bretanha, mesmo no auge do seu poder imperial no século XIX não conseguiu, nunca, dominar.