Da Redação
Em plena intensificação das relações no campo militar, com uma flotilha russa navegado rumo ao Caribe para participar de manobras com a Marinha venezuelana, o primeiro-ministro Vladimir Putin ofereceu ontem ao presidente Hugo Chávez cooperação para desenvolver a energia nuclear — para fins pacíficos. O anúncio foi apenas um dos que marcaram a chegada de Chávez a Moscou para uma estada de dois dias, que poderá selar a criação do “maior consórcio petroleiro do planeta” — nas palavras do visitante —, reunindo a estatal venezuelana PDVSA e as gigantes russas Gazprom e Lukoil.
Chávez confirmou que acertará novas aquisições de material bélico com o governo russo, que abriu para a Venezuela um crédito adicional de US$ 1 bilhão. Nos últimos anos, Caracas comprou aviões de combate, helicópteros, sistemas de defesa antiaérea e outros equipamentos militares com valor total de US$ 4 bilhões. O presidente sul-americano, porém, fez questão de frisar que “para nós o mais importante não é a cooperação militar, mas no setor energético”.
Os dois países devem assinar o protocolo para criação do consórcio encabeçado pela Gazprom, que Chávez descreveu como “um dos gigantes energéticos, o maior do mundo”. “O convite foi deles, do governo russo, que é a maior empresa petroleira do mundo”, afirmou o presidente venezuelano. De início, a Gazprom já garantiu participação na exploração de reservas de gás natural detectadas no litoral venezuelano. Conseqüência da multiplicação de iniciativas comuns, os dois países devem também lançar as bases para a criação de um banco conjunto de investimentos.
Putin, da sua parte, aproveitou a visita de Chávez — que o chama de “irmão” — para reafirmar que seu governo dará “prioridade” à intensificação de relações “em todos os campos” com a América Latina. Na semana passada, bombardeiros nucleares estratégicos russos realizaram vôos de treinamento sobre o Caribe e o Atlântico, região onde o poderio militar norte-americano reinava soberano desde o fim da Guerra Fria. A visita dos aviões, seguida das manobras navais, coincide com um período de atritos repetidos entre a Rússia e os Estados Unidos, que estendem sua influência político-militar até as fronteiras da ex-superpotência.