Jobim visita indústrias de defesa no RS e apóia regionalização do setor
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Porto Alegre (13/9/2008)- Na visita de dois dias ao pólo de indústrias de defesa do Rio Grande do Sul, encerrada nessa sexta-feira, o ministro da defesa, Nelson Jobim, elogiou a iniciativa dos empresários gaúchos de criar um núcleo do setor de defesa e segurança vinculado à Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) e disse que o estado precisa de ousadia. "É preciso aproveitar o embalo em que o Brasil se encontra para criar espaços de desenvolvimento", afirmou. Nos dois dias de visita ao Estado, Jobim conheceu as atividades das empresas Aeromot, Taurus, Aeroeletrônica (Porto Alegre); Agrale e Marcopolo (Caxias do Sul).
O presidente da Fiergs, Paulo Tigre, considerou relevante a iniciativa da entidade tanto para o estado quanto para o Brasil. " É importante que a nova indústria do Rio Grande do Sul seja forte no que vai fazer", disse durante o lançamento do núcleo, na noite de quinta-feira. Núcleos de indústrias de defesa já existem nas federações da indústria do Rio de Janeiro (Firjan), criado em agosto último, e em São Paulo, estado pioneiro, no qual o grupo foi transformado em departamento da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).
Desde o momento em que iniciou sua luta para a consolidação da indústria nacional de defesa, após assumir o cargo em julho de 2007, Jobim defende uma discussão sobre a descentralização deste setor, até então concentrado em São Paulo, não apenas por questões ligadas ao desenvolvimento regional, mas também por questões de segurança estratégica.
Na visita à Taurus, Jobim conheceu a linha de armas leves para uso militar, de segurança e pessoal, destinadas aos mercados nacionais e internacional (revólveres, pistolas e fuzis de assalto, entre outros), e a linha de produtos civis, de ferramentas a máquinas-ferramenta. São oito fábricas, uma nos Estados Unidos, onde detém mais de 25% do mercado de armas leves, e mais de 3.600 funcionários com faturamente anual superior a R$ 400 milhões.
Na Aeroeletrônica, empresa perten cente ao grupo israelense Elbit, o ministro conheceu os sistemas eletrônicos desenvolvidos para a modernização dos caças brasileiros (F-5, AMX, SuperTucano) e de sistemas aviônicos para os novos helicópteros da Helibrás. A empresa apresentou-se como preparada também para participar ativamente do projeto dos futuros caças brasileiros, a serem adquiridos no projeto FX-2. "Estamos preparados para fabricar aqui a aviônica do FX-2", afirmou o presidente do Conselho de Administração da empresa, Paulo Assis, entusiasmado com a prioridade que está sendo dada à capacitação nacional no setor.
Na quinta-feira, o ministro conheceu também a Aeromot, que fabrica aviões de pequeno porte destinados a treinamento de pilotos civis e militares e a trabalhos de monitoramento, modelos Guri e Ximango. Entre as vantagens dos equipamentos, está a baixa rastreabilidade por radar, devido aos materiais compostos de sua fuselagem. A empresa também produz insumos para fábricas de aviões comerciais, como poltronas. O presidente da empresa, Cláudio Viana, reivindicou maior proteção governamental ao setor, a exemplo do que ocorre em outros países.
Na Agrale, em Caxias do Sul, Jobim conheceu a linha de veículos comerciais e militares da empresa, com destaque para o jipe Marruá, com várias configurações de uso. O projeto foi desenvolvido com especificações do Exército brasileiro. O presidente da empresa, Hugo Zattera, destacou a total nacionalização da viatura e a base única para as várias versões de uso, características que reduzem custos e facilitam a manutenção.
Na mesma cidade, foi visitada a Marcopolo, gigante na fabricação de carrocerias de ônibus. Segundo o diretor da empresa Valter Gomes pinto, a montadora, além de ter grande agilidade no desenvolvimento de projetos diferenciados (desenvolveu até um ônibus com teto removível para peregrinos do Irã) tem índústrias em seis países, além do Brasil (México, Rússia, Portugal, Colômbia, Àfrica do Sul e Índia) e exportações para todos os continentes, o que lhe garante grande conhecimento do mercado internacional.