Governo investe pesado nas Forças Armadas
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PEDRO PAULO REZENDE
A Rússia se prepara para remontar suas Forças Armadas. O comandante da Marinha, almirante Vladimir Vysotsky, anunciou que, até 2016, serão construídas cinco forças-tarefas de porta-aviões, similares às empregadas pela Marinha dos Estados Unidos. Será a segunda maior esquadra do mundo.
Além disso, até 2011, a Força Aérea receberá cinco regimentos de aviões de nova tecnologia, cerca de 120 aparelhos, dois de caças-bombardeiros Sukhoi Su-34 e três de Sukhoi Su-35BM (estes últimos participam da concorrência FX-2, da Força Aérea Brasileira). Apenas neste ano serão investidos US$ 48 bilhões em armas.
Os porta-aviões terão propulsão nuclear e poderão levar cerca de 60 aviões. Hoje, a Rússia dispõe apenas de um navio nessa categoria, o Almirante Kuznetsov. Todos os caças navais Sukhoi Su-33 serão substituídos por um novo modelo até 2016. O programa também prevê a aposentadoria de todas as unidades obsoletas da frota até 2015.
A Marinha Vermelha, durante as décadas de 1970 e 1980, era temida e admirada pelas concorrentes. Navios e submarinos novos e extremamente modernos singravam os sete mares, mostrando a bandeira com a foice e o martelo. Apenas os Estados Unidos apresentavam poderio naval maior. Com o fim da Guerra Fria, a desintegração da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e a chegada de Boris Yeltsin ao governo da Rússia, a frota entrou em desmanche. Para pagar salários atrasados, cerca de 50% das unidades foram vendidas e transformadas em sucata pelos comandantes regionais. O ponto mais baixo ocorreu em 2000, pouco depois que Vladimir Putin assumiu o Kremlin. O Kursk, o mais poderoso submarino de ataque da esquadra, afundou devido à explosão de um torpedo defeituoso. Iniciou-se, então, um processo de recuperação.
Com soldos em dia, navios em forma e moral em alta, em boa parte motivado pelo cerco da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que chegou às fronteiras históricas do país, a Marinha russa voltou a flexionar os músculos. Com crescimento econômico e um enorme superávit, que hoje supera US$ 800 bilhões, o país, liderado pelo presidente Dmitri Medvedev, passou a agir de maneira extremamente agressiva. O Ministério da Defesa do Japão, dono da segunda maior esquadra do mundo em termos de números de unidades médias e pesadas, no dia 9 último, revelou que um avião de patrulha Tupolev Tu-95, que pode carregar mísseis nucleares, penetrou o espaço aéreo nipônico. Foi apenas mais um incidente entre os dois países.
Dois dias depois, dois bombardeiros Tupolev Tu-160, os mais potentes da Força Aérea da Federação Russa, capazes de carregar armas atômicas, pousaram em Caracas, depois de atravessarem o Atlântico. Foi uma clara resposta aos Estados Unidos, que condenaram a resposta de Moscou à tentativa georgiana de reprimir movimentos separatistas nas repúblicas rebeldes da Abcásia e da Ossétia do Sul e vão instalar um sistema antimísseis na República Tcheca e na Polônia.
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