Anke Hagedorn
Os confrontos militares entre a Geórgia e a região autônoma separatista da Ossétia do Sul mobilizaram a UE e a Otan a lançar apelo de paz incondicional no Cáucaso.
Após as notícias dos graves conflitos militares da República da Ossétia do Sul, a União Européia e a Otan mostraram grande apreensão com a escalada da crise no Cáucaso. O porta-voz da Comissão Européia, John Clancy, declarou:
"A Comissão Européia exige o fim imediato dos confrontos e um retorno rápido às negociações previstas nos acordos já existentes. A União Européia está disposta a tomar medidas que reforcem a paz na Geórgia, a fim de colaborar para a solução do conflito na região."
Aproximação da União Européia
A Geórgia começou a se aproximar da União Européia em 1992, imediatamente após ter se declarado independente da União Soviética. Essas relações se fortaleceram ainda mais após a chamada Revolução das Rosas na Geórgia, em 2003. Na época, o governo de Eduard Chevardnadze foi derrubado e a oposição chegou ao poder, prometendo reformas fundamentais para o país.
As relações bilaterais entre a UE e a Geórgia foram regulamentadas no contexto da chamada "política européia de vizinhança". Há dois anos também se formou um conselho de cooperação entre a UE e a Geórgia, semelhante ao já existente com a Rússia.
A função do conselho é intensificar a cooperação econômica e política. A UE já está se empenhando em promover a paz entre a Geórgia e as regiões autônomas separatistas da Ossétia do Sul e Abkházia. Há muito tempo, a Geórgia pleiteia o ingresso na União Européia.
Bomba-relógio para a região
O Conselho da Europa adverte do perigo de uma guerra violenta na Ossétia do Sul. O conflito poderá ter conseqüências avassaladoras para a população da região, alertou o secretário-geral Terry Davis, em Estrasburgo.
Todas as partes do conflito devem impedir qualquer ação que ameace a vida da população civil, disse o secretário-geral. A prioridade deve ser um cessar-fogo imediato e incondicional, seguido por negociações diretas e uma solução pacífica e duradoura, acrescentou Davis.
O secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer, se mostrou igualmente apreensivo com a escalada da crise na Ossétia do Sul. Sua porta-voz Carmen Romero declarou que a Otan está observando atentamente a situação:
"O secretário-geral fez um apelo a todas as partes, a fim de que se suspendam todos os confrontos armados, além de ter se pronunciado por negociações diretas entre os lados combatentes." Romero confirmou que a Otan não cogita, no momento, uma intervenção militar na região.
Peça-chave para a segurança regional
Para a Otan, a Geórgia representa um fator importante na política de segurança regional. A aliança acertou uma parceria estratégica com o país caucasiano e mantém uma representação na capital Tbilisi, algo que contrariou demasiadamente o governo russo.
Desde 29 de outubro de 2004, a Geórgia está ligada à Otan por meio do chamado "plano de ação para parceria individual" (IPAP). No acordo, a Geórgia se compromete a reformar seus sistemas de segurança e defesa de acordo com os padrões usuais da Otan.
A aceitação da Geórgia no "plano de ação para ingresso" (MAP), que implicaria um cronograma para a aceitação do país como membro da aliança, foi rejeitado na cúpula da Otan realizada em Bucareste, em abril passado.
Sobretudo a Alemanha repudiou a aceitação da Geórgia no MAP, exigindo que apenas países sem conflitos internos possam se tornar membros da Otan.