Decisão russa é recebida com euforia, choque e profunda preocupação regional
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STEFAN WAGSTYL
A decisão do presidente Dmitri Medvedev de reconhecer a independência da Abkházia e da Ossétia do Sul foi recebida com euforia nas regiões separatistas, choque em Tbilisi e profunda preocupação pelos vizinhos russos no Leste Europeu.
O vice-chanceler da Abkházia, Maxim Gunjia, disse que as pessoas estão "festejando nas ruas". Em Tskhinvali, capital ossetiana devastada pela guerra, repórteres contam que manifestantes celebraram a independência com tiros de Kalashnikovs e outras armas. Em Tbilisi, o governo condenou a "anexação clara" pela Rússia.
A preocupação georgiana é compartilhada por outras ex-repúblicas soviéticas. Elas temem que, tendo mandado tropas à Geórgia, seja agora mais fácil para a Rússia recorrer às armas em outras vizinhanças politicamente problemáticas.
O chanceler ucraniano cancelou a visita oficial de membros do governo a Moscou e questionou se as ações do Kremlin constituem um plano para fazer dos vizinhos "campo de treinamento militar" de sua política externa. Os países bálticos, únicas ex-repúblicas soviéticas já integradas à Otan, sentiram-se expostos pela pressão russa e conclamaram o Ocidente a defender a Geórgia.
Medvedev negou que a ação abra precedentes para intervenções em outras ex-regiões soviéticas. Mas, em palavras que não tranqüilizaram os vizinhos, afirmou que "a Rússia precisa garantir seus interesses ao longo de toda sua fronteira".
A Ucrânia lidera a lista de Estados que se vêem vulneráveis. Os conflitos sobre Sebastopol, porto cujo empréstimo à Rússia termina em 2017, têm crescido. O Kremlin odiaria se retirar, sobretudo se o presidente Viktor Yushchenko avançar com o plano de aderir à Otan.
Mais ao norte, a Rússia trata Belarus como um vassalo sob o ditador Alexander Lukashenko. Planos de unificação foram descartados, mas o Kremlin pode achar que agora tem força para retomá-los. Autoridades russas notaram a irritante lentidão de Lukashenko em elogiar as ações na Ossétia do Sul.