As Forças Armadas segundo Jobim
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Plano de Defesa Nacional prevê França como parceira estratégica e tecnológica na Marinha, Aeronáutica e Exército
OCTÁVIO COSTA E HUGO MARQUES
No dia 7 de setembro, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, entregará ao presidente Lula o Plano Estratégico de Defesa Nacional. O projeto vai além da compra de equipamentos bilionários para a Marinha, o Exército e a Aeronáutica. O objetivo é mudar a concepção de defesa nacional e redirecionar as prioridades das três Forças. Como principal parceiro no plano militar para as próximas décadas foi escolhida a França de Nicolas Sarkozy. É de lá que virão equipamentos como submarinos convencionais, helicópteros e, quase certo, também os caças supersônicos. Sarkozy ganhou a disputa ao garantir ao presidente Lula que a França não criará nenhum obstáculo à transferência de tecnologia para o Brasil. "Temos acordos com os franceses no que diz respeito à Marinha, ao Exército e à Aeronáutica. Em 23 de dezembro, o termo de aliança estratégica com a França será assinado pelos presidentes Lula e Sarkozy", antecipou o ministro Jobim em entrevista exclusiva à ISTOÉ. "Isso nos dá a possibilidade de sair ao largo da hegemonia americana no setor. O que faz parte da linha de ação do Conselho de Defesa Sul-Americano." A forte contribuição da França começa pelo mar. Caberá à Marinha os maiores investimentos no plano de Jobim. O Brasil construirá submarinos em parceria com a francesa DCN (Direction des Constructions Navales). Inicialmente, serão fabricados três submarinos convencionais Scorpène, de propulsão a diesel. Depois, o Brasil vai incorporar a tecnologia da DCN para produzir seu primeiro submarino de propulsão nuclear. "O Scorpène nos dará condições de produzir a parte não nuclear do submarino de propulsão nuclear, que é a tecnologia de rigidez do casco", diz Jobim.
"O submarino nuclear é uma decisão já tomada." O acerto entre os dois países na área marítima foi negociado entre Lula e Sarkozy durante reunião em Caiena, em fevereiro. Para os acertos finais do acordo, o chefe do Estado-Maior da Presidência da França, Edouard Guillaud, assessor militar do presidente, esteve duas vezes em Brasília, a última no dia 23 de julho. O projeto completo dos submarinos chega a US$ 7 bilhões, cifra que pode mudar. "Talvez, mais", diz Jobim. O País, no momento, negocia na ONU a extensão das águas jurisdicionais das atuais 200 milhas para 350 milhas, o que aumentará a área de 3,5 milhões para 4,5 milhões de quilômetros quadrados, compreendendo todo o mega-campo de petróleo Tupi.
Para o Exército, uma das novidades é a construção de postos em todas as áreas indígenas de fronteira. Hoje, o Exército tem 17 mil soldados na região. Os soldados índios receberão fuzis novos, binóculos de visão noturna e chips nos equipamentos, para rastreamento. É o que o ministro chama de "soldado do futuro". "Um soldado índio com chip", explica Jobim. "É outro ponto em que contamos com a colaboração dos franceses." O ministro afirma que o Brasil já tem os guerreiros de selva mais competentes do planeta, mas destaca que os novos equipamentos irão inserir o Exército na modernidade. "Os marines americanos foram lá fazer treinamento e quase morreram, foram embora doentes, de maca, cheios de mosquito, não se agüentam." O Exército possui 184 mil homens. Juntas, as Forças Armadas têm 308 mil homens, mas a maioria do aquartelamento está no leste do País.
O governo pretende criar na Amazônia a figura do "exército móvel". São brigadas com grande capacidade de mobilidade e logística. Para atender os batalhões móveis, o governo vai investir pesado na construção de blindados sobre rodas em Sete Lagoas, Minas, um projeto da Fiat-Iveco, e nos aviões C-390 da Embraer, semelhantes aos Hércules americanos. O plano prevê a integração ainda maior do Exército com a FAB, que vai dar suporte aéreo principalmente na Amazônia. Outra ferramenta importante do exército móvel serão os 50 helicópteros fabricados em Itajubá, pela Helibrás, consórcio com a também francesa Eurocopter. A fábrica atenderá as três Forças. O modelo Cougar 725 não é ataque: destina-se ao transporte de materiais e tropa. Esse acordo já foi assinado A tarefa da Aeronáutica é assegurar a supremacia do espaço aéreo. De novo, devem vencer os franceses. O governo deve mesmo fechar a parceria para trazer para o País a tecnologia da construção de caças Rafale, da empresa Dassault. É prevista grande participação de uma empresa brasileira no projeto. "A tendência é atrair a Embraer, que já tem uma estrutura", diz Jobim. Outros países interessados no projeto do caça supersônico serão descartados. Entre as empresas que prometeram transferir tecnologia para o Brasil estão as americanas Boeing, com seu F-18, e Lockheed, com o F-16, a sueca Grippen, com o caça do mesmo nome, a Rosoboronexport, que vende o russo Sukhoi, e o consórcio europeu que fabrica o Eurofighter. Mas os contatos com os governos onde estão estas empresas foram infrutíferos.
Nelson Jobim manteve reuniões com autoridades americanas, inclusive com a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, e o secretário de Defesa, Robert Gates, e ouviu que os EUA estavam dispostos a transferir tecnologia para o Brasil. "Por que, então, os senhores anunciaram que não permitiriam a venda dos Super Tucanos para a Venezuela, alegando que havia um ingrediente militar?", retrucou Jobim nas reuniões. A conversa não avançou. Quanto aos russos, o ministro demonstra mais simpatia, mas prefere brincar: "O russo não é fácil não, eles não falam em outra língua."
O Brasil deve, então, importar 12 caças franceses Rafale para legitimar o início da fabricação nacional. Além dos caças, o monitoramento do território nacional também será feito pelo espaço. O plano prevê a construção de satélites geoestacionários no Brasil, que devem ser lançados na base de Kuoruo, na Guiana Francesa.
As premissas do Plano de Defesa estão lançadas. Seu conteúdo integral, no entanto, só será conhecido após o desfile de 7 de Setembro. E em dezembro, o presidente Sarkozy desembarcará em Brasília com sua esposa, a cantora Carla Bruni, para renovar a santa aliança militar com os franceses, que, por sinal, está na origem da formação das Forças Armadas brasileiras.
Parece que a FAB vai continuar atrasada em relação às forças aéreas do resto do mundo. O Rafale, caça de 4a geração, não foi comprado por nenhuma outra força aérea, senão a francesa. No teste feito no Afeganistão, ele não passou, teve vários problemas com temperatura, umidade e poeira e foi substituído pelo vetusto Mirage 2000. A versão mais atual não cumpre todas as missões designadas para o FX-2, pois as capacidades de ataque ao solo, apoio aéreo aproximado e ataque naval ainda estão em desenvolvimento. O caça não tem autonomia para cobrir o espaço aéreo brasileiro e prover sua segurança. Quer dizer, em termos de FAB, vamos continuar comprando material inservível, como o C-105 Amazonas, que já está sendo transferido para Campo Grande (MS) pois não tem condições de voar na Amazônia.
ResponderExcluire o su-35 nem em sonhos...
ResponderExcluirVIE LE BRASIL!!!
Você se refere ao rafale F2, o Rafale que será produzido para o Brasil é o F3, um caça novo em termos de aviônicos, com um novo radar e novos equipamentos, este ao contrário do anterior atende sim todos os requisitos do Fx, e ao contrário do que você disse, com ecessão dos EUA todos os outros estão produzindo caças de 4 geração, vide, gripen, eurofither, Su-35. Pois no futuro os caças serão VANTs. E com certeza a FAB vai ganhar muito e nossa industria nacional tambem
ResponderExcluirOque mais importa e você nem se quer tentou intender, é que essa modernização nos dará uma grande capacidade de produzir nossos próprios equipamentos, e isto é melhor que qualquer coisa.
ResponderExcluirO C-390, os veículos sobre rodas, o SNA, tudo isto será para nós um obstáculo superado.
Você não quer uma modernização na FA?
Parece que só sabe reclamar, queria oque, um F-22/ uma duzia de SNA/
Tente dar um passo de cada vez, e você chegará longe.
Meu caro, entendo muito bem a importância de produzirmos o material bélico que, Deus queira, não precisemos usar. Mas o Rafale é, sim, o único de 4a geração. Todos os demais são de 4a+ ou 4a++ geração, sem contar o F-22 que é de 5a geração. Além disso, o Rafale V3 não é produzido nem na França. Ainda sequer voou para testes. Vamos comprar um aparelho às cegas, como íamos fazer com o submarino alemão U414. Neste caso, a Grécia denunciou os problemas a tempo da Marinha mudar de idéia e buscar o Scorpene. De qualquer forma, já assinamos o contrato com os russos para a produção do caça de 5a geração, que não vai ser um VANT. Então, faria mais sentido adquirirmos uma aeronave com tecnologia e capacidades próximas da aeronave que vamos produzir no futuro. Ao invés de adquirir agora o Rafale, poderíamos adquirir o Gripen de 4++ geração, já em vôo e produção. Este tem características muito interessantes para as missões que a FAB executa hoje, podendo, inclusive, pousar, ser reabastecido e rearmado em 15 minutos em qualquer estrada pavimentada. Ou o Sukhoi Su-35, que vai entrar em produção para atender a Força Aérea Russa e é, também, um caça de 4a++ geração, além de já utilizar muitos dos aviônicos que serão utilizados na aeronave que vamos produzir em parceria com os russos. Acho que consegui me fazer entender agora.
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