O anúncio feito nesta terça-feira pelo presidente da Rússia, Dmitri Medvedev – em que ele determinou o fim do conflito com a Geórgia – pode não significar o fim imediato da tensão entre os dois países.
James Rodgers
De Moscou para a BBC
Entretanto, Moscou sempre deixou claro que só encerraria a ofensiva em seus próprios termos - o que se traduz, neste caso, em um enfraquecimento da Geórgia, pelo menos na área militar.
A pressão internacional pode ter sido um fator na decisão russa, mas desde o início Moscou estava convencida de que a opinião pública de países do Ocidente estava errada sobre quem era a vítima e quem era o agressor.
Para o Kremlin, oficialmente a ofensiva foi lançada para proteger as vidas de civis e de russos, e a maior parte da opinião pública russa parece acreditar nisso.
Entretanto, à medida que o confronto avançou, ficou claro que Moscou tinha dois objetivos: um militar e um político.
“A conclusão lógica é (que foi para) destruir a capacidade militar da Geórgia”, disse Dmitry Peskov, porta-voz do primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, a respeito das metas da campanha russa.
Aparentemente a campanha militar representou um duro golpe para as forças armadas georgianas. Esse objetivo foi alcançado.
Saakashvili enfraquecido?
A meta política, sobre a qual não se falou, é o enfraquecimento do presidente georgiano Mikhail Saakashvili – ou mesmo sua retirada do poder.
O ministro do Exterior da Rússia, Sergei Lavrov, negou que o país tenha qualquer intenção de afastar Saakashvili, mas acrescentou que “seria melhor se ele saísse”.
Qualquer negociação formal entre os dois lados ainda parece distante. Mas antes mesmo de concordar em sentar à mesa de negociações, a Rússia, na prática, já impôs suas condições: não aceita negociar com Saakashvili e não aceita tropas georgianas na Ossétia do Sul.
O governo russo acredita que pode ditar as regras. Sente-se fortalecido. Espera ter deixado Saakashvili, um homem com o qual o Kremlin teve uma relação difícil antes mesmo deste conflito, se sentindo mais fraco.