Nesta quarta-feira, o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Clifford Sobel, reuniu-se com os senadores Pedro Simon (PMDB-RS), Eduardo Suplicy (PT-SP), Cristovam Buarque (PDT-DF) e João Pedro (PT-AM), para explicar sobre a organização e missão da Quarta Frota, da Marinha norte-americana, reativada este ano.
A Quarta Frota foi criada pela Marinha dos Estados Unidos em 1943, diante da ameaça nazista no período da Segunda Guerra Mundial. Ela foi desativada em 1950 e recriada neste ano.
Ele disse aos senadores que a Quarta Frota é uma unidade administrativa projetada para oferecer uma organização mais eficiente e facilitar o uso de recursos navais na região em apoio a missões de paz, esforços de assistência humanitária, resposta a desastres, operações contra o tráfico de narcóticos e exercícios tradicionais com as marinhas da região, como a UNITAS, organizada pelo Brasil, com a participação dos Estados Unidos, Argentina e Uruguai.
De acordo com Clifford Sobel, não haverá navios permanentemente alocados à Quarta Frota, que consistirá de uma equipe de 120 pessoas baseadas na Flórida.
O embaixador afirmou que o porta-aviões USS George Washington integra a Sétima Frota e que esteve na América do Sul para participar nos exercícios da UNITAS em rota para sua nova base permanente, em Yokosuka, no Japão.
Sobel acrescentou que “a motivação para o reestabelecimento da Quarta Frota é determinar como cooperar melhor com o Brasil e com as demais nações da região”.
“Considero a recriação da Quarta Frota como um gesto análogo aos de guerra. É uma agressão à América Latina. Muito me estranha que essa decisão venha num momento de tranqüilidade política nos países latinos e baixa aprovação do governo americano que se encerra”, afirmou o senador João Pedro, após o encontro.
João Pedro revelou que o embaixador dos Estados Unidos não soube dizer quantos médicos fariam parte da Quarta Frota e que tipo de atendimento prestariam em águas brasileiras.
“Trabalhamos com a autonomia do Senado para questionar veementemente essa tentativa de intimidação à América Latina. Vamos observar o momento histórico: a Amazônia é tema de debates no mundo inteiro; a Petrobrás descobre reservas significativas de petróleo na camada de pré-sal da plataforma continental brasileira; e o Brasil se reafirma como potência econômica mundial”, avaliou o senador.
Chávez alertou sobre ameaça da Quarta Frota
Na primeira semana de julho, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, alertou sobre a ameaça representada pela reativação da Quarta Frota, para os países latino-americanos.
Foi em Tucumám, Argentina, por ocasião da reunião de Cúpula do Mercosul. Para o líder venezuelano, a região deve cobrar explicações por parte do governo norte-americano que voltará a patrulhar as águas da América Latina.
Hugo Chávez não tem dúvidas que a grande motivação são os recursos naturais e que os militares norte-americanos também vão chegar às águas dos rios Amazonas, Orinoco, Paraná, e Prata.
Ele revelou que os Estados Unidos souberam antes do seu governo que a Venezuela tem a maior reserva de petróleo do mundo e que a principal arma da Quarta Frota é o porta-aviões nuclear George H. W. Bush.