Presença militar gera incômodo na América do Sul
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Marcelo Rech, da Cidade do Panamá
No último dia 16, o ex-vice-presidente da Venezuela, José Vicente Rangel, reforçou denúncia feita pelo presidente Hugo Chávez quanto ao interesse dos Estados Unidos em construir na Colômbia, uma base militar na região de Guajira, na fronteira colombo-venezuelana.
Segundo ele, militares dos Estados Unidos já teriam até mesmo iniciado a construção de pistas de pouso. O governo colombiano confirmou, mas também não negou.
O certo é que desde a posse do presidente equatoriano Rafael Correia, os Estados Unidos buscam uma alternativa para Manta, onde mantém uma base militar que seria bem mais uma espécie de posto de abastecimento de aviões norte-americanos.
Atualmente, os Estados Unidos conta com cerca de 500 militares na Colômbia. Esses militares estariam no país para oferecer treinamento para os militares colombianos principalmente quanto ao combate ao narcotráfico.
De acordo com a norma aprovada pelo Congresso norte-americano, eles não podem ingressar na selva ou participar de operações de resgate, por exemplo, mas há indícios fortes de que até já tenham participado de combates com guerrilheiros das Farc.
Em janeiro de 2009, o contrato de cessão da base de Manta vence e o atual governo do Equador não pretende renová-lo. Hugo Chávez já se movimenta para reclamar a posse territorial da área onde a suposta base estaria sendo levantada.
Antes da Colômbia, denunciou-se que os Estados Unidos estariam interessados em levar a base militar para o Peru. Especulações a respeito levaram os presidentes peruano Alan Garcia bolivano Evo Morales, à troca de insultos. As relações entre ambos ainda é tensa.
Embora a presença militar norte-americana na América do Sul seja considerada extremamente tímida por alguns, grupos de esquerda latino-americanos asseguram que há interferência dos Estados Unidos na região a partir de Guantánamo (Cuba), Aruba (Curaçao), Compala (El Salvador), Comayagua (Honduras) e Mariscal Estigarribia (Paraguai), além obviamente de Manta.
Ganhou enorme relevo essa discussão a partir da reativação em 1º de julho, da IV Frota da Marinha dos Estados Unidos. Embora o governo norte-americano negue, ela já patrulha os mares da América Latina e há temores que entre também em rios como da Prata, Orinoco e Amazonas.
O Pentágono, por exemplo, reconhece que a IV Frota é uma mensagem para a Venezuela no momento em que o país intensifica suas compras militares russas e se oferece para sediar uma base militar da Rússia em seu território, algo que ainda não foi bem explicado.
Militares dos Estados Unidos justificam a reativação da IV Frota como necessária para o combate ao terrorismo e às atividades ilícitas na região.
A IV Frota estará baseada em Mayport, na Flórida e sua reativação, reconheça ou não o governo norte-americano, ocorre num momento em que governos populares (populistas para os Estados Unidos) se fortalecem nas américas do Sul e Central.
As várias reações na América do Sul à reativação da IV Frota obrigaram a que o Subsecretario de Estado para o Hemisfério Ocidental, do Departamento de Estado norte-americano, Thomas Shannon, se explicasse.
Ele é uma espécie de chefe dos embaixadores norte-americanos na região. Está no cargo desde 2005 e sempre procurou trabalhar com discrição, inclusive quando o venezuelano Hugo Chávez mudou de opinião quanto às Farc e pediu que a guerrilha entregasse os reféns sem impor condições.
Thomas Shannon acusa Hugo Chávez de intervir no processo político em El Salvador onde estaria apoiando a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN).
Como forma de justificar a presença dos Estados Unidos na América do Sul, ele afirma que a ameaça terrorista na Colômbia é real, embora ressalte que o governo de Álvaro Uribe está vencendo as Farc como já teria vencido os paramilitares e o Exército de Libertação Nacional (ELN).
Para Shannon a guerra travada pelos Estados Unidos na Colômbia é necessária para a democracia, pois seria a guerrilha a responsável pela debilitação do estado e pela corrupção de servidores públicos e dos partidos políticos.
Por outro lado, não podemos esquecer como os Estados Unidos avaliam os países da região. Dos dez países da região, não têm problemas com Brasil, Chile, Colômbia, Paraguai, Peru, Uruguai.
As relações estão fortemente estremecidas com Argentina, Bolívia, Equador e Venezuela, mesmo após as declarações de Chávez de reabrir o diálogo com o futuro presidente norte-americano, seja ele Barack Obama ou John McCain.
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