Finalmente o governo passou a tomar medidas contra a indisciplina dos generais. As punições ocorreram após o episódio do general Augusto Heleno, comandante militar do Amazonas.
Mauricio Dias | Carta Capital
Em solenidade do Clube Militar, no Rio de Janeiro, Heleno criticou ações do governo. Ele saiu incólume do episódio. Em caráter reservado, no entanto, esteve com o ministro da Defesa, Nelson Jobim. Desculpou-se e prometeu fechar a boca.
General Augusto Heleno | Reprodução |
No rastro disso surgiu outro protagonista fardado, o general Eliéser Girão Monteiro Filho, comandante da 1ª Brigada de Infantaria de Selva, em Boa Vista (RR). No começo de maio, ele recebeu manifestantes no quartel, liderados pelo deputado Márcio Junqueira (DEM), que criticou as ações da Polícia Federal na reserva Raposa Serra do Sol.
“Cobrem respeito à propriedade de vocês”, incentivou o oficial.
Anteriormente, o general Jeannot Jansen, comandante da 8ª Região Militar, também no Amazonas, referiu-se publicamente à “Cesta Básica” como demagógica e produtora de “vagabundos”.
Jansen apodreceu com a patente de general-de-divisão. Nas últimas promoções, foi preterido.
Com o general Monteiro não teve conversa. O oficial foi transferido para a Diretoria de Transportes e Mobilização, um posto burocrático. É candidato à preterição.
No Brasil há 11 generais de Exército, o último posto da carreira. Os EUA, enfiados em duas guerras (Iraque e Afeganistão) têm 11. À falta de combates, os generais brasileiros se exercitam com a incursão ilegal pelas declarações políticas.
Mas os generais não são pagos para falar. Nem a favor nem contra.