Em vez de concorrência, Aeronáutica selecionou seis aviões e projeto FX-2 seguirá modelo da escolha direta
Roberto Godoy | O Estado de S.Paulo
O Comando da Aeronáutica selecionou os seis aviões de combate candidatos ao posto de novo caça brasileiro de superioridade aérea e interdição. Não é uma concorrência. O Projeto FX-2 seguirá o modelo da escolha direta, considerando os critérios técnicos mais favoráveis.
O Comando da Aeronáutica selecionou os seis aviões de combate candidatos ao posto de novo caça brasileiro de superioridade aérea e interdição. Não é uma concorrência. O Projeto FX-2 seguirá o modelo da escolha direta, considerando os critérios técnicos mais favoráveis.
Em junho, seis empresas internacionais receberam o Request for Information (RFI). O documento é uma solicitação de informações endereçado a eventuais fornecedores e caracteriza o início da fase de definição da compra.
Segundo o brigadeiro Juniti Saito, comandante da Aeronáutica, "a quantidade de 36 aeronaves é o número inicial, um primeiro passo para servir de referência nos estudos". O valor financeiro do contrato, estimado em cerca de US$ 2,2 bilhões em março, "ainda está sendo definido", segundo o brigadeiro.
O objetivo é definir uma plataforma única para as tarefas de superioridade aérea - como a conquista e a preservação do espaço - e de interdição, o impedimento de operações ilícitas ou de um inimigo. Na prática, significa que toda a frota de ataque da aviação militar será substituída pelo programa.
A aeronave precisa oferecer condições para substituir os Mirage 2000C/B (cuja desativação vai começar em 2015), os F-5EM (entrando em desmobilização ao longo de 2021) e AMX (por volta de 2023). No total, a projeção envolve entre 120 e 150 aviões.
A expectativa é de que a seleção possa ser concluída até dezembro. Os primeiros compromissos seriam, então, firmados em 2009. A entrega dos novos jatos deve ocorrer a partir do segundo semestre de 2013.
TECNOLOGIA
O Comando da Aeronáutica está mantendo a transferência de tecnologia "como um dos focos do programa, de forma a capacitar o parque industrial nacional e também permitir um nível de participação efetiva em futuros avanços durante o ciclo de vida do equipamento escolhido".
Para o brigadeiro Saito, estima-se a transferência de tecnologia de 100% do valor do projeto. No entanto, há problemas nessa área. Entre os seis aviões analisados, apenas dois - o Rafale, da França, e o Su-35E, da Rússia - entram na disputa cobertos por ofertas públicas de conhecimento avançado, garantidas por declarações feitas pelo presidente Nicolas Sarkozy, em Paris, e pelo primeiro-ministro Vladimir Putin, em Moscou.
Os caças americanos não podem ser negociados, com a condição de entrega de informação tecnológica. Um deles, o moderno F-35 Lightning, está em processo de desenvolvimento. O lote operacional inicial será entregue à aviação americana somente em 2014. É o único que incorpora a engenharia stealth, de recursos de furtividade, que o tornam invisível ao radar convencional.
Não há informações sobre a posição dos governos que compõem o consórcio europeu, fabricante do poderoso Typhoon. Inglaterra, Espanha, Alemanha e Itália negociaram 707 unidades das quais 15 irão para a Áustria e 72 para a Arábia Saudita. Em ambos os casos, em regime de pacote fechado. O aparelho é extremamente caro, custa 88,4 milhões, aproximadamente R$ 221 milhões.
O projeto de construção de um caça próprio de 5ª geração "está atualmente em estudo, mas faz parte de um planejamento de longo prazo", de acordo com o brigadeiro Antonio Carlos Bermudez, chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica.