"A gente se prepara o tempo inteiro para isso, dentro da academia temos essa aspiração. E agora é real, vamos integrar uma missão de paz. Isso é muito positivo", enfatiza. Para lidar com a saudade da família, o capitão já tem a resposta na ponta da língua: "Teremos determinados recursos de comunicação, como o skype, que servirão para amenizar a distância de casa."
Da caatinga para a missão no Haiti
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Roseanne Albuquerque
Núcleo SJCC Petrolina
Trinta e sete homens lotados no 72º Batalhão de Infantaria Motorizado (72º BIMTz) em Petrolina, Sertão do Estado, farão parte da próxima tropa que será enviada para a missão de paz no Haiti, em meados de novembro. O país da América Central, devastado por sucessivas crises políticas e pela pobreza extrema, conta com reforço dos militares brasileiros há quatro anos. Desta vez irão 800 homens de várias unidades das Forças Armadas no Nordeste. O 72º BI, acostumado a receber equipes para treinamento de sobrevivência na caatinga, envia, agora, alguns de seus homens para a missão internacional.
“Estes militares foram selecionados dentro de critérios rigorosos e sem dúvida merecem cumprir essa missão. São homens de várias companhias e a gente espera que eles possam bem representar o sertanejo. Que levem um pouco da nossa história e do nosso batalhão", enfatiza o comandante do 72º BI, tenente-coronel Anibal Rocha. “Eles estão agora providenciando passaporte, terão acesso a conhecimentos técnicos e vão se preparar com equipamentos. Enfim, todo o suporte logístico para o cumprimento da missão", complementa o comandante.
Os militares que vão integrar a missão de paz participam de um treinamento de aproximadamente quatro meses. É nesse período que vão aprofundar conhecimentos logísticos e conhecer mais sobre o país e sua população. "A expectativa em participar de uma missão como essa é grande, o pessoal está vibrando muito, ansioso para que chegue a hora de nos deslocarmos até o Haiti", revela o sargento Ivanilton Negreiro.
O sargento aposta na experiência de ter convivido dois anos em área de selva, na fronteira com a Venezuela, para lidar bem com a saudade da família. "Nessa época chegava a ficar por longos períodos dentro da selva, indo raramente a alguma cidade. Ali era isolamento mesmo, não tinha como se comunicar direito e acabei aprendendo a lidar com a solidão, com a distância da família e de amigos.
Quem nunca passou por isso, sente um pouco no início", comenta Negreiro, relembrando sua passagem pelo 70º Batalhão de Infantaria de Selva. "Agora a situação é diferente, temos mais mecanismos de comunicação à nossa disposição, como a internet e o telefone", prevê o sargento.
Participando de sua primeira missão internacional, o capitão Jorge Santos Costa - que serve há quase três anos na unidade militar sertaneja - aguarda com expectativa o momento de iniciar a missão.