Chávez oferece base militar a Moscou
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Em visita que estreita laço econômico e político, venezuelano responde que aceitará militares russos se lhe for pedido
Compras de armas russas garante soberania de seu país, diz Chávez; gigantes estatais de gás e petróleo assinam quatro acordos
DA REDAÇÃO
O presidente russo, Dmitri Medvedev, recebeu ontem em visita o colega venezuelano, Hugo Chávez, num encontro marcado por declarações sobre a aliança militar bilateral, pela retórica anti-EUA e por acordos entre suas gigantes estatais de petróleo e gás.
Para demonstrar o quão longe pode ir a parceria, Chávez disse que a Venezuela aceitaria abrigar uma base militar russa, se Moscou assim solicitasse.
Questionado, disse: "Se as Forças Armadas russas quiserem estar na Venezuela, serão recebidas calorosamente". Não havia, ainda, comentários de Moscou a respeito. No relato de sua assessoria, não há menção sobre base militar, mas Chávez diz que barcos russos seriam bem-vindos, porque não são a Quarta Frota, o comando da Marinha dos EUA para a região, reativado neste mês.
Antes, e na presença de Medvedev, o venezuelano já havia dito que os laços com a Rússia "garantem a soberania da Venezuela, que é ameaçada pelos EUA". O russo chamou-o de "mais importante aliado": "Nossas relações são um fator-chave para a segurança regional [...] Temos um objetivo comum: fazer o mundo mais democrático, justo e seguro".
Chávez reuniu-se ainda com o ex-presidente e agora primeiro-ministro Vladimir Putin, que elogiou a parceria militar.Foi a sexta visita do venezuelano à Rússia desde 1999, e a primeira sob Medvedev, que deu ênfase à convergência entre as "duas potências na produção de gás e petróleo".
Foram assinados quatro acordos entre estatais russas e a venezuelana PDVSA, entre eles o que prevê análise e exploração russa do petróleo pesado da faixa do Orinoco, uma das maiores reservas do mundo.
Armas e Guerra Fria
Apesar de rumores de que a Venezuela incrementaria suas compras militares na Rússia - já comprou cerca de US$ 4 bilhões -, não houve anúncios.
Segundo Chávez, seu país trabalha na integração de seu sistema antiaéreo, com a Rússia e Belarus, país que visitará. "Não há cifras, são muitas, é uma questão dinâmica", disse, sobre as possíveis novas compras. Tanto Chávez como a imprensa russa têm dito que há interesse na compra de sistemas antiáreos e submarinos.
Apesar de ter aumentado o gasto militar, quanto à compra de armamentos na região, a Venezuela, segundo dados disponíveis em 2007, ainda fica atrás de Brasil, Colômbia e Chile.
Para analistas, o interesse de Moscou em Caracas é majoritariamente comercial, ao passo que é útil alentar o antiamericanismo, quando opõe-se, entre outras questões, à instalação pelos EUA de um escudo antimísseis no Leste Europeu.
Ontem, houve outro episódio com ares de Guerra Fria: um jornal russo citou, extra-oficialmente, a intenção de Moscou de reabastecer seus bombardeiros em Cuba. O general Norton Schwartz, novo comandante da Força Aérea dos EUA, reagiu: se fizer isso, a Rússia "ultrapassará um limite".
Com "Financial Times"e agências internacionais