DUBAI - Mohamed ElBaradei, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), disse nesta sexta-feira que renunciaria ao cargo se houvesse uma ação militar contra o Irã e avisou que um ataque do tipo transformaria a região do Oriente Médio em uma "bola de fogo".
- Eu não acredito que o que eu vejo no Irã hoje seja um perigo atual, sério e urgente. Se um ataque militar for realizado contra o Irã neste momento, isso me impossibilitaria de seguir com meu trabalho - afirmou ElBaradei em uma entrevista divulgada pelo canal de TV Al Arabiya na sexta-feira. - Uma ação militar, na minha opinião, seria o pior dos cenários possíveis. Isso transformaria a região em uma bola de fogo.
Segundo ele, qualquer ataque do tipo só serviria para convencer a República Islâmica, em definitivo, de que precisa dominar a energia nuclear.
- Se houver um ataque, isso faria com que o Irã, se ainda não estiver fabricando armas nucleares, mobilizasse todos os seus recursos para desenvolver armas nucleares sob a bênção dos iranianos, e mesmo daqueles que estão no Ocidente.
Autoridades americanas afirmaram ao "New York Times" que Israel realizou um grande exercício militar este mês que pareceu ser um ensaio de um possível ataque com bombas contra as instalações nucleares do Irã. Citando fontes não identificadas, a reportagem diz que mais de cem aviões de combate israelenses F-16 e F-15 participaram das manobras sobre o leste do Mediterrâneo e a Grécia na primeira semana de junho.
O jornal diz que os exercícios pareciam ser um esforço para concentrar-se em ataques de longo alcance, o que ilustraa seriedade com que Israel vê o programa nuclear do Irã. O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, acusou nesta sexta-feira os Estados Unidos e seus aliados de conspirarem para assassiná-lo durante a visita que fez ao Iraque em março.
O "New York Times" disse que autoridades israelenses não quiseram discutir os detalhes do exercício militar. Um porta-voz do Exército israelense disse apenas que a força aérea do país treina regularmente para várias missões para poder confrontar e cumprir os desafios suscitados por ameaças que Israel enfrenta.
Autoridades nos EUA não acreditam que Israel tenha decidido atacar o Irã
Um funcionário do Pentágono, que segundo a reportagem foi informado do exercício, disse que um dos objetivos era praticar táticas de vôo, recarga de combustível durante o vôo e outros detalhes de um possível ataque contra as instalações nucleares do Irã. O funcionário, que falou sob a condição de anonimato, disse que uma segunda meta era enviar uma mensagem clara de que Israel está preparado para agir militarmente caso fracassem os esforços para evitar que o Irã esteja apto para produzir bombas.
Várias autoridades americanas disseram ao jornal que não acreditam que Israel tenha decidido atacar o Irã e que tal ataque fosse iminente.
O Conselho de Segurança da ONU impôs várias sanções contra o Irã por sua rejeição em cumprir com as exigências do órgão para que suspenda seu programa de enriquecimento de urânio, que poderia ser utilizado como combustível para usinas de energia ou para bombas atômicas.
O Irã tem se recusado a ceder diante das sanções e tem desestimado as propostas anteriores de benefícios econômicos em troca da suspensão de enriquecimento de urânio, que afirma ter como objetivos ter como objetivos produzir energia elétrica e não armas atômicas.
Na quinta-feira, o Irã disse que estava pronto para negociar um novo pacote de incentivos econômicos proposto pelas grandes potências, que buscam persuadir Teerã para que detenha suas atividades nucleares.