LA PAZ - Bolívia e Chile acertaram na tarde de ontem os últimos pontos de um acordo de defesa - o primeiro desde que os dois países se enfrentaram na Guerra do Pacífico (1879-1883). O acordo foi discutido em um encontro entre o ministro de Defesa chileno, José Goñi, e o seu colega boliviano, Walter San Miguel, em La Paz.
"Vamos ter várias reuniões de trabalho e a oportunidade de assinar um acordo bilateral que nos permitirá, pela primeira vez em nossa história, manter relações em temas de defesa", afirmou o ministro chileno à Agência Boliviana de Informação (ABI), logo após chegar a La Paz.
"Nossos povos precisam que nossos governos trabalhem conjuntamente para gerar confiança mútua." Na Guerra do Pacífico, a Bolívia perdeu para o Chile a sua saída para o mar, o que aumentou a rivalidade entre La Paz e Santiago.
Em 2003, a decisão do então presidente boliviano Gonzalo Sánchez de Lozada de exportar gás para o Chile desatou uma onda de protestos violentos que deixou mais de 60 mortos e terminou com a renúncia de Lozada.
Os dois países não mantém relações diplomáticas desde 1978, quando fracassaram as negociações sobre a demanda boliviana de uma saída para o mar.
Melhoras
As relações, porém, melhoraram muito durante os governos de Evo e da presidente do Chile, Michelle Bachelet. Agora, ambos negociam uma agenda de 13 pontos, entre os quais está incluída a demanda marítima da Bolívia. Ano passado, os dois ministérios da Defesa negociaram um intercâmbio militar e o apoio mútuo em caso de catástrofes naturais, como enchentes e terremotos.
No fim de semana, Evo encontrou-se com o presidente eleito do Paraguai, o ex-bispo Fernando Lugo. Ambos participaram - junto com o atual presidente paraguaio, Nicanor Duarte -, das comemorações pelo aniversário dos 73 anos do fim da Guerra do Chaco (1932-1935), travada entre Paraguai e Bolívia, que deixou quase 100 mil mortos.