Max Delany
A empresa MiG negou na segunda-feira que a Argélia tenha questionado o contrato de fornecimento de aviões e ameaçado devolver 15 caças MiG29 por problemas técnicos.Os caças são parte de um negócio de mais de U$ 8 bilhões de dólares assinado pela Rússia e a Argélia em março de 2006, que serviu para saldar um débito de cerca de U$4,7 bilhões de dólares do tempo da União Soviética.
"O negócio não foi quebrado," afirmou um porta-voz da MiG. "Não comentamos em nenhuma hipótese os contratos em andamento."
Citando uma fonte da United Aircraft Corporation, o jornal Kommersant, relatou segunda-feira que a Força Aérea da Argélia tinha decidido, na semana passada, devolver os aviões.
O negócio pela parte da Rússia, incluiu : a estatal Rosoboronexport, o Federal Service for Military and Technical Cooperation e a Corporação MiG.
Se confirmado, a devolução dos jatos seria a primeira vez que equipamentos militares tenham retornado ao país devido a problemas de qualidade. O assunto veio à tona devido a visita do presidente argelino Abdelaziz Bouteflika, que chegou na segunda-feira para uma visita de dois dias à Moscou. Foi agendado uma reunião do presidente argelino com o presidente Vladimir Putin para terça-feira.
O escritório de imprensa do Kremlin e o ministro do exterior da Argélia não quiseram comentar o assunto e o que seria discutido na reunião, mas uma fonte da indústria disse à Agência Interfax que Bouteflika discutiria o assunto dos aviões durante sua visita.
Os 15 caças MiG-29 foram os primeiros aviões de um lote de 36 comprados pela Argélia em um valor estimado de aproximadamente U$1,5 bilhão de dólares.
A Argélia cancelou o recebimento dos caças MiG no ano passado, depois que foram identificados os desacordos sobre o contrato assinado em 2006, afirmou o jornal Kommersant na semana passada.
Em março, Bouteflika enviou emitiu uma mensagem a Putin exigindo que a Rússia resolvesse os problemas com os MiGs, relatou o Kommersant.
Embora as conversas durem já diversos meses, nenhum acordo para retornar os jatos foi assinado, afirmou a Interfax na segunda-feira, citando uma outra fonte da indústria.
Um porta-voz da UAC, na segunda-feira, recusou-se a confirmar se todo o acordo tinha sido ameaçado, afirmando que o assunto não estava em sua alçada. A companhia MiG foi absorvida e integrada dentro da organização estatal UAC que terá todas as indústrias aeronáuticas sobre um único guarda-chuva.
O porta-voz do “Federal Service for Military and Technical Cooperation” recusou-se a comentar antes da reunião entre os presidentes ter ocorrido . A Rosoboronexport também negou-se a comentar.
Os MiG-29 poderiam ser trocados por caças MiG-35 mais modernos ou pelos jatos da Sukhoi, afirmou o Kommersant citando uma fonte da UAC. Como a parte do negócio, de março de 2006, a Argélia concordou comprar 28 caças Su-30, informou o Kommersant.
Um porta-voz da Sukhoi recusou-se a comentar se os números do contrato poderiam ser alterados.
Analistas questionam os problemas técnicos mencionados pela Argélia, entretanto, estes movimentos podem ser o resultado de agressivas ações comerciais de outros competidores estrangeiros, incluindo a França e a China.
A Argélia pode ter encontrado um negócio melhor em outra parte ou pode estar procurando por um caça russo mais moderno, disse Andrew Brooke, um analista no Instituto Internacional para Estudos Estratégicos.
Quando a indústria bélica da Rússia não puder oferecer descontos, a China estará disposta a entrar no valioso mercado do norte da África, afirmou Brooke.