Prioridades da Defesa
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EDITORIAL
O PÉRIPLO do ministro da Defesa, Nelson Jobim, à Europa lança algumas boas idéias e muitas dúvidas sobre a estratégia do governo para reequipar as Forças Armadas.
É correta a disposição de dar preferência a fornecedores que transfiram tecnologia, se esse for mesmo o caso de França e Rússia, os dois países que Jobim visitou. Os EUA, em que pese dominarem o desenvolvimento de novos produtos no setor bélico e serem um provedor tradicional do Brasil, restringem o acesso de seus clientes a certos conhecimentos e produtos sensíveis.
Se o Brasil pretende mesmo dar seguimento ao Programa Nuclear da Marinha (PNM), que envolve a construção de um submarino de propulsão atômica, precisa de fato voltar os olhos para russos e franceses.
O PNM se justifica. Embora o país tenha voluntariamente renunciado à construção da bomba atômica - como estabelecem o artigo 21 da Constituição e o Tratado de Não-Proliferação Nuclear, do qual é signatário -, não desistiu de dominar a tecnologia nuclear. O submarino, projeto acalentado por oficiais da Marinha há quase 30 anos e no qual já se investiu US$ 1,1 bilhão, representa uma oportunidade para dar o salto tecnológico ao mesmo tempo em que forneceria ao país um trunfo militar estratégico.
A própria Marinha estima que a conclusão do PNM custaria aos cofres públicos R$ 2,74 bi até 2020. É aqui que as dúvidas começam a emergir.
Com o fim da CPMF, o governo acaba de "perder" R$ 40 bilhões anuais. É inevitável que todos os ministérios, inclusive os militares, sofram cortes. Além da emergência orçamentária de curto prazo, falta à gestão Lula definir quais são as prioridades da Defesa, pasta em que estão alocados vários outros projetos, talvez até mais urgentes, como o programa para a aquisição de novos aviões de caça.