As sombras têm sido temidas pelo homem desde a pré-história, pois nelas podiam estar escondidos possíveis inimigos. Mas no futuro mundo das guerras centradas em rede (network-centric warfare), as sombras que causarão medo não serão as criadas pela luz ou pela escuridão, mas as geradas pela propagação dos sinais de radares. Em operações de combate, aviões de vigilância ou veículos aéreos não tripulados, equipados com radares de abertura sintética (SAR) podem prover cobertura de uma grande área no solo, principalmente os terrenos que não são escaneados por radares comuns, informações estas fundamentais para os comandantes da infantaria, que podem contar no campo de batalha ainda com radares AN/PPS-5D, capazes de detectar veículos a uma distância de 20 km e pessoas a 10 km. Como o combate urbano tem ganho uma importância cada vez maior nas operações militares, diversas forças armadas em todo o mundo procuram um novo tipo de radar, leve o suficiente para ser carregado por um único soldado e com eficiência que permita ver através das paredes (TTW ou Through-The-Wall) , detectando pessoas ou movimento dentro de prédios ou em locais fechados. O Laboratório de Pesquisas da Força Aérea americana desenvolve um programa TTW, explorando o uso de uma variedade de frequências, incluindo ondas milimétricas, ondas solo-penetrantes e frequência modulada. O Exército americano, num programa iniciado para dar apoio às operações em zonas urbanas (MOUT ou Military Operations in Urban Terrain), assinou um contrato de US$ 3 milhões com a empresa Time Domain Corporation para a produção de um sistema pequeno o bastante para ser usado por tropas de operações especiais. Segundo técnicos da empresa, o equipamento terá um peso final de 3 kg e o tamanho equivalente a um livro médio, será encaixado no braço do combatente e emitindo pulsos de banda ultra larga mostrará ao operador, em um pequeno display, a direção e a distância de qualquer coisa que se mova do outro lado de uma parede. O feixe pode penetrar 3 metros no interior de madeira ou gesso, e paredes de concreto de 20 cm, mas o sinal não pode penetrar metal sólido ou objetos compostos por metais.
Na Inglaterra, a empresa Cambridge Consultants Ltd. testou com sucesso um radar TTW de baixa frequência capaz de visualizar movimento de pessoas dentro de edificações ou simplesmente respirando sob escombros. De acordo com artigos da imprensa, o Exército britânico estaria testando protótipos do equipamento, ajudando a empresa nas especificações exatas necessárias para seu uso nas operações militares. Embora as frequências de radar entre 250 megahertz (MHz) e 3 gigahertz (GHz) permitam penetrações aceitáveis em quase todo tipo de material, tais baixas frequências requerem o uso de grandes antenas para se obter boa resolução, por esta razão, a maioria dos radares TTW produzem imagens de baixa resolução, mas o Laboratório de Pesquisas da USAF já está trabalhando em um dispositivo, que opera na faixa entre 500 MHz e 2 GHz, com alcance de 250 metros e que apresentará imagens a uma taxa de 10 frames por segundo. Testes mostraram que o novo radar pode detectar a respiração de uma pessoa parada, através de uma parede, a uma distância de 5 metros. No combate urbano ou mesmo em operações de manutenção da paz, radares TTW serão extremamente úteis para a segurança dos soldados, contribuindo sobremaneira para o sucesso de suas missões. Antes de invadir uma edificação ou tomar de assalto um de seus ambientes internos, as tropas serão capazes de determinar com precisão quantas pessoas estão ali dentro e onde estão localizadas, podendo assim escolher a melhor estratégia para neutralizar o inimigo. Isto é o mais próximo que eles chegarão da lendária visão de Raio-X do Super Homem.