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Expedito Carlos Stephani Bastos
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Tudo indica que no mínimo uma dúzia deles foi importada de forma irregular por um particular e após sua chegada foram tomados pela Receita Federal que os manteve por algum tempo estocados em um de seus depósitos e posteriormente eles foram entregues ao Exército e Aeronáutica, pelo menos três deles foram leiloados como material inservível para a força terrestre, na versão caçamba basculante em 2004, num leilão efetuado pelo 22° Batalhão Logístico de Barueri, SP.
Os remanescentes se encontram na Fazenda da Aeronáutica e no 13° Regimento de Cavalaria Mecanizada, ambos em Pirassununga, SP.
Pelo levantamento efetuado foi possível saber que pelo menos dois eram da versão 6x6 transporte de tropas e dois basculantes (na nomenclatura da fábrica este modelo é o URAL 4320-31) e os demais 4x4 transporte de tropas, com pelo menos dois tipos de pneus (nomenclatura da fábrica URAL 43206).
As versões apreendidas já possuem motor diesel YaMZ-238M2 em V de oito e seis cilindros respectivamente, que substituíram com sucesso os a gasolina das versões mais antigas, visto que os veículos se encontram em produção desde o início dos anos 60, participando dos principais conflitos ocorridos no planeta.
Eles impressionam pela rusticidade, tamanho e desempenho em terrenos acidentados. São todos mecânicos e com algumas facilidades para a tropa que o opera no dia a dia, superando em muito as versões militarizadas em uso atualmente, fornecidas por empresas brasileiras, o que vale uma comparação.
Como características, possuem grande capacidade de carga e de operação em terrenos de difícil locomoção, com faixas de temperatura de -50 até + 50º Celsius. Essas características somadas aos preços competitivos, explicam o fato de que cada vez mais os militares latino-americanos tem dado atenção aos veículos russos, visto que só o Uruguai opera 400 deles, além do México que em 2003 adquiriu 50, é possível ver ainda versões mais antigas operando no Peru e em outros países da região.
Três foram repassados à Força Aérea que os está utilizando em sua Fazenda na cidade de Pirassununga, SP, onde existe dois na versão 4x4 e um na 6x6, sendo que este sofreu algumas alterações efetuadas por um mecânico naquela cidade que após retirar sua carroceria de metal para transporte de tropas, acrescentou ao mesmo um dispositivo que o permite tracionar uma carreta graneleira na ordem de 40 toneladas, tendo inclusive já rebocado até 60 toneladas de soja e milho, todo pintado no azul padrão dos veículos da FAB. Da versão 4x4, um foi transformado em transporte de suínos e bovinos para o abate, recebendo uma grande gaiola sobre a carroceria, com uma porta traseira por onde entram e saem os animais e foi mantido na cor verde claro original, estando o outro na forma original recebida, pintura areia claro. Eles já estão em operação há quatro anos.
Já os do Exército receberam a tradicional pintura camuflada em dois tons, verde e marrom, e pelo menos um ostenta o emblema do EB na porta com a designação da unidade.
Tive a oportunidade de efetuar um teste com um dos caminhões, na versão 4x4, realmente ele me surpreendeu, fazendo o percurso usado normalmente pelos carros de combate de lagartas Leopard 1A1 do então 2º R.C.C. transferido para o sul do país com seus carros de combate, ficando no seu lugar o 13 R.C.Mec.
O desempenho foi fantástico, superando com facilidade todos os desníveis do terreno e em alguns momentos criando seu próprio caminho. O interior da cabine é muito espartano, com pouco conforto, mas funcional. Suas maçanetas são em antimônio e em alguns já estão quebradas.O painel de instrumentos à frente do volante é feito em metal e plástico, e no seu lado direito um grande porta-luvas. Já o espaço interno é o suficiente para três pessoas de tamanho grande com o assoalho livre, nele estando apenas os três pedais, a alavanca da caixa de marchas, que é uma caixa seca, similar aos nossos velhos Chevrolet 67 e mais duas alavancas das reduzidas.
Extremamente forte, o veículo responde de imediato ao comando do motorista e realiza manobras como se em terreno plano estivesse, seja descendo um local muito íngreme ou superando um obstáculo que pode ser deste um simples buraco a um barranco que barraria a maioria.
Sem dúvida deveríamos testar mais e compreender melhor o que temos em nossas mãos, visto que ele teria grandes aplicações num Exército que sofre uma grande penúria de verbas para se equipar e também em razão das dimensões continentais de nosso país, seria extremamente útil e um fator de mobilidade na maior parte de nosso território, principalmente na forma de locomoção nos mais variados tipos de terreno. Outro fator que deveria ser levado em conta é a sua simplicidade, o que muito ajudaria na manutenção e com certeza daria menos problemas do que caminhões mais sofisticados e com sérias limitações como os que possuímos na atualidade, já que os últimos caminhões militares em uso são os remanescentes REO de origem americana e os Engesa EE-25 de fabricação nacional, sendo todos os demais versões militarizadas, derivadas de modelos civis.
Finalmente um fator que muito ajudaria seria o preço competitivo destes caminhões, bem como a grande variedade de modelos para quase todos os tipos de funções existentes e que se encaixariam dentro de nossa realidade, para num futuro retomarmos parte do que foi nossa capacidade em produzir material defesa para nossas forças armadas.
A título de curiosidade, os catálogos de peças russos, nada ficam a dever aos americanos tão conhecidos por nós desde os tempos da segunda guerra mundial...
Ficha Técnica
URAL 43206 4x4
Tara: 4,2 toneladas;
Peso total: 12,15 toneladas;
Velocidade máxima: 85km/h;
Capacidade do tanque de combustível: 210 litros de diesel + 60 no tanque reserva;
Consumo: 1,080 litros por quilômetros em estradas;
Motor: YaMZ-236M2, turbo, diesel, 180Hp, V-6;
Tripulação: Cabine: 3 homens + 27 na carroceria;
Raio mínimo de giro: 10,5 metros;
Comprimento: 7,475 metros;
Largura: 2,50 metros;
Altura: 2,650m com capota de lona e 2,965m com capota de metal;
Entre-eixos:4,405 metros;
Bitola: 2,0 metros;
Distância do solo: 0,36 metros;
Pneus: 1.200 x 500-508 ID-P284 com controle de pressão;
Obstáculos – entrada: 31°;
Inclinação lateral máxima: 20º;
Profundidade máxima: 1,20 metros;
Capacidade máxima no guincho: 10 – 11 toneladas/força;
Comprimento do cabo: 60 metros.
URAL 4320-31 6x6
Tara: 6 toneladas;
Peso total: 14,90 toneladas;
Velocidade máxima: 85km/h;
Capacidade do tanque de combustível: 300 litros de diesel + 60 no tanque reserva;
Consumo: 0,98 litros por quilômetros em estradas;
Motor: YaMZ-236M2, turbo, diesel, 240,Hp, V-8;
Tripulação: Cabine: 3 homens + 27 na carroceria;
Raio mínimo de giro: 10,8 metros;
Comprimento: 7,630 metros;
Largura: 2,50 metros;
Altura: 2,805m com capota de lona e 3,005m com capota de metal;
Entre-eixos: 4,405 metros;
Bitola: 2,0 metros;
Distância do solo: 0,40 metros;
Pneus: 14.00-20 146G OI-25 comcontrole de pressão;
Obstáculos – entrada: 31°;
Inclinação lateral máxima: 20°;
Profundidade máxima: 1,70 metros
Capacidade máxima no guincho: 10 - 11 toneladas/força.
Eu como mecânico e técnico em informática, tenho experiência com caminhões e tecnologia, meu pai era caminhoneiro, em estradas européias de boa qualidade e com serviço 24 horas de guincho e manutenção os brasileiros com injeção eletrônica e outros mimos são bons, mas para uso nas estradas da amazônia e na guerra tem que ser espartano, vamos de caminhão russo, que é mais fáacil de manutenção e as peças são poucas, conforto é em tempo de paz, na guerra o vale é a funcionalidade e se chega onde se quer. Sãop ótimos caminhões para as forças armadas.
ResponderExcluirSaulo H.
Eu como mecânico e técnico em informática, tenho experiência com caminhões e tecnologia, meu pai era caminhoneiro, em estradas européias de boa qualidade e com serviço 24 horas de guincho e manutenção os brasileiros com injeção eletrônica e outros mimos são bons, mas para uso nas estradas da amazônia e na guerra tem que ser espartano, vamos de caminhão russo, que é mais fáacil de manutenção e as peças são poucas, conforto é em tempo de paz, na guerra o vale é a funcionalidade e se chega onde se quer. Sãop ótimos caminhões para as forças armadas.
ResponderExcluirSaulo H.