Em Paris, Jobim se reúne com Sarkozy e com o ministro da Defesa francês
Deborah Berlinck | O Globo
PARIS. O que poderá ser a mais importante aliança estratégica militar da França na América do Sul vai ser lançada no dia 12, num encontro do presidente francês Nicolas Sarkozy com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na Guiana Francesa.
Apostando no Brasil como uma das maiores potências emergentes, a França concordou em fechar um acordo que não envolve só a venda de equipamentos, como um submarino de propulsão nucelar e helicópteros, mas uma cooperação mais ampla: militar, econômica e até cultural.
O primeiro impulso para a aliança foi dado ontem num encontro do ministro da Defesa, Nelson Jobim, com Sarkozy e o ministro da Defesa francês, Hervé Morin. A França aceitou a principal exigência do Brasil : transferência de tecnologia. Segundo Jobim, Sarkozy enfatizou querer "um grande acordo estratégico com o Brasil".
- Foi uma expressão do presidente, como também do ministro da Defesa, da necessidade deste entendimento porque ele (Sarkozy) considera o Brasil do século 21 uma grande potência no mundo - disse Jobim.
Uma empolgação confirmada pelo ministro francês:
- O Brasil, junto com Índia, China e África do Sul, será um dos grandes do mundo.
Diante desta grande potência, a França quer ter uma parceria estratégica de longo prazo.
Jobim disse a Sarkozy que o governo brasileiro quer desenvolver um "parque estratégico e tecnológico com autonomia" e, para isso, precisa da transferência de tecnologia.
O presidente francês concordou e ficou decidido que após o encontro dos presidentes, o governo francês vai organizar a ida ao Brasil de um grupo de empresários para começar a discutir os detalhes da aliança. Segundo Jobim, o acordo estratégico envolve capacitação tecnológica e modernização nas três forças: Marinha (com o submarino de propulsão nuclear), Aeronáutica (com helicópteros Cougar), da Eurocopter (subsidiária do consórcio europeu EADS, controlador da Airbus), e no Exército (com formação de soldados).
Segundo Jobim, a construção desta parceria não tem data, será construída no longo prazo.
- Não é algo como as parcerias antigas, um mero negócio de vendedor e comprador. É algo de longo prazo. Vamos discutindo caso a caso.
Brasil e França farão, juntos, exercícios militares
Jobim e o ministro francês assinaram ontem um acordo para facilitar a vinda de militares franceses ao Brasil e vice-versa. Ou seja: para tirar os entraves burocráticos para os militares e seus dependentes. A idéia é também organizar exercícios militares conjuntos. A França e o Brasil já fizeram exercícios militares nos rios. O ministro francês disse que a França espera que esta aliança seja ampla:
- Muito claramente, os presidentes Lula e Sarkozy querem implementar uma parceria estratégica importante, que não se baseia só no discurso, mas na prática. Englobará também questões culturais, educacionais, de formação, econômicas, e também uma parceria militar importante.
Brasil e França farão acordo estratégico
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