Nelson Düring
O Exército Brasileiro realizou de forma simultânea três grandes exercícios operacionais que cobriram em extensão mais de 90% da fronteira terrestre brasileira, do extremo norte ao extremo sul.
Participaram três grandes comandos: Comando Militar da Amazônia (CMA) , Comando Militar do Oeste (CMO) e Comando Militar do Sul (CMS). Foram usadas as estruturas de comando e controle (C2) de cada grande comando e do Comando de Operações Terrestres (COTER).
O objetivo dos exercícios visavam adestrar o Exército Brasileiro no planejamento e execução de operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e de combate a ilícitos transnacionais, crimes ambientais e transfronteiriços, por meio da realização de patrulhamentos, reconhecimentos, proteção de instalações sensíveis, Ações Cívico Sociais (ACISO) e atividades logísticas, bem como o estabelecimento de postos de controle e fiscalização em pontos estratégicos de cada região.
Um segundo objetivo é o de integrar o Exército com os Órgãos de Estado das áreas de segurança pública e de fiscalização, voltados para o combate aos ilícitos que ocorrem na área de influência das fronteiras.
Participaram organizações federais e estaduais dentro de cada operação adequadas à região:
Organizações Militares : Exército Brasileiro, Marinha do Brasil e Força Aérea Brasileira.
Organizações Federais: a Receita Federal, a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, IBAMA e Agência Brasileira de Inteligência (ABIN).
Estaduais: Secretarias de Segurança dos Estados do Roraima, Amazonas, Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, através das Polícias Militar, Polícia Rodoviárias Estaduais e Civil.
Fronteiras: Guiana, Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai
Os Exercícios foram distribuídos da seguinte forma:
Comando | Operação e Período | Fronteiras |
CMA | Operação Curare - 16 a 30 Novembro | 3.159 km |
CMO | Operação Cadeado - 30 Nov a 4 Dez | 2.300 km |
CMS | Operação Fronteira Sul - 30 Nov a 3 Dez | 1.923 km |
Total de Fronteiras | 7.328 km |
O Tempo maior da Operação Curare é devido às características da região, que levou ao emprego alternado das Brigadas de Infantaria de Selva (Bda Inf Sl). Nas outras áreas toda a área de fronteira foi fechada no período da operação.
Aproveitando a estrutura de Comando e Controle (C2) do COTER e de cada Comando de Área, foram agregadas as demais organizações federais e estaduais de cada região.
De modo geral as ações estavam baseadas em pelotões que atuaram em postos de segurança estáticos ou móveis compostos por uma guarnição de militares do Exército, estacionado em um determinado local e continha em seu interior um Posto Fiscalizador, integrado por policiais federais, estaduais, fiscais fazendários, ambientais, federais ou estaduais, sendo delimitado, para fins legais e jurídicos como "área militar".
A diversidade dos Teatros de Operações é marcante, inclui desde a Floresta Amazônica, com seus grandes rios navegáveis, e densa vegetação, para as regiões de campos, o Lago de Itaipu, o Pampa e até a região litorânea no extremo sul, na Barra do Chuí.
Assim como a demanda operacional em cada região. Chama a atenção a função que o CMO exerceu na Operação Cadeado, não uma função de controle de fronteiras somente mas exerceu a presença legal do Estado, inclusive em apoio a ações judiciais.
Descrição e detalhes, assim como fotos das três operações, de forma individual, é dada em matérias específicas.
Objetivos
Embora haja apreensão de: drogas, armas, contrabando pelas forças e ação contra outros ilícitos, pelas forças participantes, o principal objetivo das operações é a coleta de informações de inteligência e análise.
Com a diversidade de terrenos, climas, vegetações, grupos sociais e até as características dos ilícitos de cada região necessitam uma ampla coleta de dados e que estes sejam processados e analisados.
O impacto sobre os ilícitos transcende o período das operações pois as forças estaduais e federais acabam realizando outras operações posteriores.