Marco Aurélio Reis
Rio - O uso das Forças Armadas no combate ao crime organizado nos grandes centros urbanos pode frustrar quem esperava ver homens do Exército com fuzis e tanques ocupando favelas. Antes de isso acontecer — o que requer profundas mudanças jurídicas — os comandantes da Defesa Nacional pretendem inserir policiais federais, rodoviários, ferroviários, PMs, inspetores e delegados das polícias civis, além dos bombeiros, nos exercícios de adestramento, que atualmente só mobilizam Marinha, Exército e Aeronáutica.
Os defensores da medida dizem que é mais efetiva no combate ao crime que a sensação de segurança proporcionada pela presença de tropas nas áreas em conflito urbano. A proposta deve ser colocada em prática ao longo do ano que vem. Os órgãos de segurança dos estados e as polícias da União vão com as tropas para a fronteira. Lá ficarão por mais de duas semanas. Vão ser integrados ao exercício dentro de sua missão de policiamento, sempre sob coordenação dos comandantes e estrategistas das Forças Armadas. Dentro do governo, a aposta é que os exercícios, por si só, já vão dificultar a ação do crime na fronteira e, com isso, surtir efeito na segurança nos estados onde o tráfico de armas e drogas alimenta a violência. O sucesso da experiência vai definir se será mesmo necessário ampliar o papel das Forças Armadas, atribuindo aos militares a função de também combater o crime nas cidades.