Demonstração de novas armas é vista como um claro desafio à China
Dezasseis anos depois do último desfile militar efectuado pelo exército de Taiwan, nesta Quarta Feira ocorreu um desfile militar onde participaram várias unidades dos vários ramos das forças armadas de Taiwan.
O presidente de Taiwan Chen Shui-bian inspeccionou uma força de 2.000 homens apeados, numa demonstração de força militar que tinha sido interrompida em 1990, exactamente para evitar irritar as autoridades de Pequim.
Desta vez, perante as ameaças do governo da República Popular, perante as insistentes afirmações de nacionalistas da ilha que já fez parte da China pedindo que a mesma declare unilateralmente a independência tiveram consequências diferentes e em vez de apaziguamento, Taiwan parece ter optado por fazer uma demonstração de força.
Entre veículos blindados como os novos modelos CM-32 fabricados em Taiwan (foto no topo) de que desfilaram duas unidades e carros de combate pesados, com que Taiwan conta para derrotar qualquer intento de invasão chinês por via marítima, as principais armas mostradas, pretendem ser uma demonstração da sofisticação dos técnicos da ilha em termos militares.
Foram desenvolvidos vários sistemas de mísseis, sendo o principal o Hsiung Feng «Vento de bravura» que já vai na sua terceira versão. Ele tem capacidade para atingir navios no estreito de Taiwan, tendo capacidade para atacar navios que a China possa colocar na região para tentar controlar o estreito numa preparação de invasão. Mas a última versão, com um alcance que alegadamente atingirá 180Km, poderá mesmo permitir atingir alvos no continente chinês.
Já a participação da Força Aérea foi mais restrita limitando-se apenas à passagem de helicópteros pois a passagem de F-16 e Mirage foi cancelada.
Foi também desenvolvido o míssil Tien Kung-3 «Esporão do Céu» (acima) que é o principal constituinte de um sistema anti-míssil que terá alegadamente capacidade para destruir mísseis balísticos chineses disparados contra alvos de grande importância em Taiwan.
A parada militar, a primeira em 16 anos, tem também como objectivo mostrar à população de Taiwan que a ilha está muito bem armada e em condições de responder a um eventual ataque da China, dado nos últimos tempos várias correntes terem afirmado que sem apoio macisso americano Taiwan poderia não ter qualquer capacidade de defesa.
Nesta guerra de nervos, o principal trunfo de Taiwan na actualidade, é a versão do míssil Hsiung Feng conhecida como versão «IIE», o míssil tem um alcance de 600 até 1000Km, e é o mais perigoso dos sistemas que estão a ser desenvolvidos por Taiwan.
Para os chineses, o principal problema do míssil, não é o poder destrutivo da sua ogiva de 360Kg, mas sim o facto de com este míssil, Taiwan poder atacar as principais cidades portuárias do sul da China, o que em caso de desespero poderia atingir centros tão importantes como Shangai (a maior cidade da China). Esta e outras cidades vitais estarão ao alcance do poder destrutivo dos mísseis de Taiwan e o simples facto de se saber que Taiwan tem essa capacidade, pode desestabilizar os mercados financeiros da Ásia e as exportações da República Popular.