As declarações do ministro francês das relações exteriores Bernard Kouchner neste fim de semana, foram extensivamente comentadas e discutidas pelos meios de comunicação social no médio oriente e levaram a uma onda de comentários sobre o «aviso» francês ao Irão.
Desde o silêncio comprometido de estados árabes do golfo como a Arábia Saudita – tradicional rival do Irão – até ao apoio de Israel - que saudou a posição de força assumida pelos franceses - as declarações parecem ter provocado algum espanto, ao mesmo tempo que embatiam na tradicional retórica nacionalista iraniana, que rejeitou liminarmente as alegações e comentou de forma mais ou menos despreocupada as ameaças.
O ministro francês, avisou no Domingo num programa de televisão, que o mundo se deve preparar para a possibilidade de uma guerra com o Irão, se o país insistir na sua intenção de prosseguir com um programa de enriquecimento de urânio, capaz de produzir material nuclear com um nível de pureza muito superior ao necessário para a utilização em instalações nucleares civis.
O ministro, que afirmou literalmente que «…temos que estar preparados para o pior e o pior é a guerra…» disse ainda que se deve negociar com o Irão até ao último momento, para impedir que o Irão desenvolva capacidades nucleares.
Perguntado sobre o que queria dizer com «devemos estar preparados» o ministro disse que era uma questão para os Estados Maiores, que deveriam ter planos preparados.
«Se Teerão conseguir ter armas nucleares, será uma ameaça para todo o mundo» rematou Kouchner, que disse mesmo que se nas Nações Unidas não for possível impor sanções contra o Irão, a União Europeia deverá agir unilateralmente, afirmando que empresas francesas ligadas ao remo petrolífero foram desencorajadas de estabelecer negócios no Irão.
As declarações do ministro francês vêm na sequência de afirmações do próprio presidente da França Nicolas Sarkozy, em que disse que o mundo poderia ter que escolher entre um Irão com a bomba, ou o bombardeamento do Irão, avisando que o problema iraniano e a possibilidade de aquele país desenvolver armamento atómico, constitui a maior ameaça à paz em todo o mundo.
A forma agressiva com que a diplomacia francesa tem vindo a encarar o problema iraniano parece segundo alguns ultrapassar mesmo a retórica da administração dos Estados Unidos, que tem frisado que apenas prevê no momento uma solução através da negociação.
Em Teerão, a imprensa oficial da República Islâmica acusou os franceses de terem vestido a pele dos Estados Unidos e de estarem apenas a produzir declarações inflamatória, continuando a afirmar que o Irão não se deixará intimidar.
As pressões europeias sobre o Irão, que também já foram efectuadas pelo governo de Berlim, destinam-se a tentar mostrar ao Irão que não enfrenta apenas os Estados Unidos nas criticas de Washington ao seu programa nuclear. Em muitas chancelarias europeias, considera-se que se o Irão entender que não tem o apoio da maioria da comunidade internacional, acabará por desistir do seu programa nuclear.
Os iranianos poderão desenvolver mísseis que dentro de alguns anos terão capacidade para atingir países do centro da Europa.