Monte Morin, Stars and Stripes
BAGDÁ – Em um país onde os rumores tornam-se realidade, e os relatos iniciais de combate quase sempre são errôneos, parece que pouco pode ser feito para parar a legenda de Juba, o franco-atirador ou “Juba the Sniper”.
Páginas da web de grupos Islâmicos, estórias em quadrinhos, vídeos e canções têm por quase dois anos exaltado os feitos de “Qannas Baghdad,” o sniper insurgente apócrifo a quem são creditados inúmeros sucessos — muitos falam em centenas — de soldados americanos e iraquianos mortos nos quarteirões da capital do Iraque.
Como uma história de Guerra, Juba teria sido capturado ao menos duas vezes, somente para fugir novamente, em um estilo Freddie Krueger, como mencionado na propaganda dos insurgentes e nos briefings das patrulhas dos soldados americanos.
“Sim ele é real,” insistiu “Bobbie,” um interprete iraquiano que tem trabalhado com as tropas Americanas nos últimos dois anos. (Interpretes iraquianos que trabalham com as forces americanas não dão seus nomes reais com medo das represálias dos insurgentes.)
“Ele matou muitas pessoas. Ele foi treinado no tempo do Saddam. Ele pode me acertar, quando caminho. Ele pode me acertar, quando corro. Ele pode me acertar, quando estou em um veículo. Ele é muito bom.”
Nos últimos meses entretanto os feitos de Juba arrefeceram.
Para os seus fãs, Juba foi morto ou capturado. Para aqueles que nunca acreditaram na sua existência, a explicação é que o mito Juba tomou o seu curso e desapareceu.
“É como a perda do charme,” afirmou o correspondente da CNN Michael Ware. “Ele não era nada mais que um mito que a Internet criou.”
Enquanto os porta-vozes das Forças Americanas sempre negaram a existência de Juba, rumores tinham chegado até a tropa. Para eles o mito era uma ameaça real. Em muitos relatos, Juba percorria as ruas da capital escondido em uma van, como o misterioso sniper, na capital americana, Washington, em 2002, disparando contra as vítimas através de aberturas no veículo.
Em outras, Juba armado com um fuzil russo Dragunov sempre deixava uma mensagem proclamando, “O que foi tomado com sangue só pode ser retomando com sangue — O Sniper de Bagdár.”
Céticos afirmam que Juba não era somente um, mas vários snipers. Em vez disso ele era resultado do medo e tensão por parte dos soldados americanos, assim como da propaganda inimiga, que procurava solapar a moral dos soldados.
“Juba o Sniper? Ele é criação dos soldados americanos,Capitão Brendan Hobbs, 31, de Tampa, Flórida, comandante da Companhia C, 2º Batalhão, 14º Regimento de Infantaria. “Nós mesmos criamos esse mito.”
Hobbs, cuja companhia é parte da 2ª Brigada, 10ª Divisão de Montanha, liga a legenda de Juba aos rumores que circularam nos primeiros meses da Guerra que inúmeros snipers Chechenos operavam no Iraque.
Para ser correto, snipers insurgentes operaram e ocasionaram muitas baixas às Forças Americanas e iraquianas da Província de Anbar à Bagdá.
Após uma relativa calma no início do “Plano de Segurança de Bagdá” — teve início uma campanha para aumentar a tensão histórica entre as comunidades muçulmanas Shiita e Sunita — e franco atiradores reapareceram como uma presença mortal.
Na “New Baghdad”, uma comunidade de população Shiita com fronteira aos pontos fortes do Exército Mahdi na Cidade de Sadr, ações de sniper mataram dois soldados americanos recentemente.
“Dois soldados mortos por um sniper, em dois dias consecutivos — não ouvíamos isso há tempos,” afirmou um oficial do 1º Batatlhão, 8º Regimento de Cavalaria, 2º Brigade Combat Team, 2ª Divisão de infantaria.
No Distrito de Segurança 9 Nissan de “New Baghdad”, onde ataques e assassinatos caíram cerca de 70% durante os dois primeiros meses do Plano de Segurança, os comandantes afirmam que os moradores desejavam trocar informações com os soldados, que operavam nos postos da região.
Mas com as recentes mortes provocadas por snipers, assim como um aumento nos ataques por “explosively formed projectiles” – EFP (Nota Defesa@Net – EFP é uma variante mais recente do IED), as tropas afirmam que a lua de mel acabou.
Na colorida e deserta fábrica chamada de Cobra Cabana que atualmente serve como posto militar avançado em “New Baghdad” — soldados e oficiais afirmam que estão antecipando um Abril violento, agora que o clérico radical Muqtada al-Sadr renunciou a uma chamada anterior para que os seus seguidores abandonassem as armas. E com a violência o retorno de “Juba the Sniper”.
A unidade do Capitão Joseph Rosen, 30, de Leesville, Lousiana, comandante da Companhia C, 1-8 Cavalaria, tem os seus soldados acampados na fábrica e estes especularam sobre a ameaça de Juba. Com Juba ou sem Juba, eles afirmam que pensam em manter suas cabeças abaixadas.
“Eu sei que tem um sniper com inúmeras vitórias,” afirmou o Sargento Maxwell Davis, 30, de Marfa, Texas. “Eu penso que esse pessoal não é de fato sniper. Eles são como “marksmen”. Eles estão nos observando, é o que eu tenho a falar.”