Mais de 11 mil militares deixaram fileiras desde início da guerra no Iraque
José Meirelles Passos – O Globo
WASHINGTON. Além de enfrentar uma crescente redução no número de jovens dispostos a serem recrutados. Exército dos EUA sofre outro revés para continuar travando suas guerras no Iraque e no Afeganistão: o cresce o índice de deserção. Desde que a guerra começou no Iraque e até o final de 2006, 11.020 desertaram. O mais curioso é que dos 3.301 que fizeram isso em 2006, o Exército só conseguiu levar 174 (ou seja, 5%) à corte marcial.
A grande maioria continua vivendo sem sofrer punição. Recente auditoria encomendada pelo Congresso descobriu que, por desleixo do Departamento de Defesa, muitos desertores continuam recebendo soldo. Além disso, o Pentágono, mais preocupado com os soldados em combate, tem deixado de lado a busca por desertores. Sua única atitude tem sido a de colocar os nomes numa lista nacional de criminosos do FBI. Os policiais, no entanto, tampouco saem em busca dos desertores.
— Um desertor se apresenta ao quartel e assume a responsabilidade, ou passa o resto da vida olhando para os lados, com medo de ser descoberto — disse a major Anne Edgecombe, porta-voz do Exército. Na verdade, em geral só acabam pegos por acaso, quando, por exemplo, ultrapassam um sinal vermelho e flagrados pela polícia que, ao colocar o nome no computador fica sabendo que se trata de um desertor e, então entrega ao FBI, que o entrega ao Exército para uma corte marcial. Quem não se envolve em problemas com polícia, vive tranquilamente.
Número é relativamente menor que no Vietnã
Em termos relativos, o número de desertores hoje é menor do que na época do Vietnã.
Atualmente tem desertado cerca de 1% dos soldados, enquanto no auge do Vietnã o índice chegou a 3,4 comparação, no entanto, adquire outra característica que acentua o problema atual, quando se leva em consideração que na época da guerra nas selvas vietnamitas o serviço militar era obrigatório, e atualmente voluntário.
Segundo o código criminal militar a deserção pode ser punida com a morte. Mas isso só aconteceu uma vez desde a guerra civil americana. A pena máxima tem sido, em média, cinco anos de prisão. A grande maioria, no entanto, acaba recebendo baixa por má conduta e sentenciada a 3 meses de cadeia.
Incapaz de recrutar número suficiente para suas filas, o Exército está desde 2006 oferecendo até US$ 70 bonificação para quem se apresentar. Como nem isso ajudou, o governo decidiu investir na busca de estrangeiros.