O dia 20 de Maio, marca os trinta anos do primeiro voo de um dos mais sofisticados aviões de combate produzidos pela antiga União Soviética, o T-10, que mais tarde seria conhecido por Su-27, chamado de «Grulla» na União Soviética e que recebeu um nome por parte da NATO, que se transformaria no seu nome oficial muitos anos mais tarde: Flanker.
P.Mendonça / Luis C. Gomes
Tradicionalmente os caças da União Soviética foram vistos como pouco sofisticados e sem nenhum tipo de sofisticação técnica especial. Como prova disto, no inicio dos anos 70, um piloto soviético desertou para o ocidente com o até então secreto MiG-25, visto por muitos como o mais sofisticado caça soviético, mas a sua análise pelos técnicos ocidentais mostrou que os soviéticos estavam relativamente atrasados quando comparados com os novos caças do ocidente.
Sukhoi Su-27 Flanker | Reprodução |
Os técnicos soviéticos, sabendo que não podiam contar com a tecnologia de ponta disponível no ocidente de alguma forma reconheceram essa deficiência e por isso durante os anos 60 e 70, colocaram a sua atenção no desenvolvimento de características como a velocidade e resistência das aeronaves, produzindo algumas das aeronaves mais rápidas do mundo, embora relativamente pouco sofisticadas.
Durante os anos 60, os norte-americanos não ficaram contentes com o desempenho de aeronaves como o F-4 Phantom, (que tinha sido construido para atacar bombardeiros transportando armas nucleares) que embora tecnologicamente mais sofisticado que os MiG-17 e MiG-21 teve algumas dificuldades em se superiorizar aos caças russos, principalmente no inicio da sua introdução, quando nem sequer estava armado com canhões. O F-4 não era adequado para combater outros aviões e esse realidade forçou os americanos a pensar mais depressa em substitutos adequados para aeronaves como o F-4 Phantom ou o A-7 Corsair.
Com e necessidade em mente, os Estados Unidos vão dar especial atenção ao projecto que começou a ser desenhado em 1965, que será conhecido como F-15. O F-15, bem como outras aeronaves que entretanto são desenvolvidas nos Estados Unidos, pretendem estabelecer sem qualquer sombra para dúvida a superioridade aérea dos EUA.
Quando em 1969 a Força Aérea dos E.U.A. se decidiu pelo caça F-15 passou muito pouco tempo até que os engenheiros aeronáuticos da URSS recebessem ainda nesse ano, ordens para desenvolver um avião que tivesse capacidade para combater o novo avião americano.
Considerando desde o inicio que não teriam possibilidade de competir com os americanos em termos tecnológicos, os engenheiros soviéticos optaram por desenvolver aeronaves que conseguissem superiorizar-se através da sua grande capacidade de manobra.
O objectivo dos soviéticos passou assim a ser o de desenhar uma aeronave com capacidade para efectuar manobras e curvas com um pronunciado angulo, garantindo que o piloto não perderia o controlo do avião.
Desta forma, não dispondo de mísseis tão sofisticados nem de sensores tão avançados, os pilotos soviéticos poderiam ainda assim dispor de alguma vantagem, ao ter capacidade para evitar os mísseis americanos com ousadas manobras que seriam possíveis se os aviões fossem desenhados com esse objectivo.
Os primeiros testes foram feitos num túnel de vento pelos engenheiros do gabinete Sukhoi, mas o progresso foi lento, porque em 1975-1976 os próprios soviéticos reconheceram que o seu projecto não era suficientemnte capaz para se medir com o F-15 que já tinha feito o seu primeiro vôo em Julho de 1972. A partir de 1975 o projecto sofre um novo impulso quando Mikhail Simonov toma a liderança do projecto, na sequência da morte de Pavel Sukhoi. A nova liderança vai proceder a um redesenhar do projecto com novos desenhos e novas características.
Curiosamente aAlgumas dessas novidades introduzidas pelos técnicos da Sukhoi, terão sido aproveitadas pelos engenheiros do gabinete MiG, e por essa razão vai aparecer paralelamente ao projecto T-10 da Sukhoi, um outro projecto mais pequeno, que ficará conhecido como MiG-29.
Podemos por isso dizer que enquanto o Su-27 é a resposta ao F-15, o MiG-29 é a resposta soviética ao F-16.
Porque se pretendem medir de igual para igual com uma aeronave americana os soviéticos vão tentar encontrar informação classificada como secreta relacionada com estes aviões americanos.
Por isto, na espionagem industrial / militar da URSS nos anos 70, o F-15 foi matéria de especial interessa para os espiões da URSS.
E de uma forma ou de outra, através da espionagem os técnicos soviéticos conseguiram muita informação sobre o F-15 que foi aproveitada no desenvolvimento do Su-27.
Depois do fim da morte de Pavel Sukhoi, Mikhail Simonov vai também aproveitar os dados que lhe são fornecidos pelos espiões soviéticos para incorporar ao Su-27, tantas características do F-15 quanto for possível e desejavel.
No entanto não é correcto chamar ao Su-27 uma cópia do F-15, porque quando os espiões soviéticos conseguiram parte dos planos do F-15 os desenhos básicos do Su-27 já estavam feitos.
Além disso, quando engenheiros em Moscovo analisaram cuidadosamente as características do F-15 para aproveitarem o que fosse possível, eles ao mesmo tempo que também concluíram que o F15 tinha características aerodinâmicas inferiores ao seu protótipo T-10.