da Folha Online
Mísseis atravessaram o teto de um hospital infantil de Mogadício (capital da Somália) que estava lotado de civis feridos nos confrontos entre insurgentes islâmicos e tropas etíopes nesta quarta-feira, segundo informações oficiais citadas pela agência de notícias Associated Press. A Etiópia enviou forças de seu Exército para apoiar o frágil governo somali no combate aos insurgentes, que até o final de 2006 dominavam grande parte do território do país.
O míssil explodiu em um setor do hospital que abrigava entre 20 e 30 adultos feridos, disse Wilhem Huber, diretor regional da organização SOS Children's Villages. As crianças que normalmente ocupam o hospital haviam sido transferidas mais cedo devido ao risco de mísseis caírem no prédio, informou Huber.
O diretor afirmou que cinco mísseis atingiram o local em um ataque na hora do almoço, mas apenas um deles causou danos. Há registro de feridos mas ele não soube precisar detalhes.
"As pessoas estão desesperadas. Essa situação não pode continuar", disse. Huber afirmou, porém, que não acredita que o hospital tenha sido um alvo deliberado.
De acordo com a agência da ONU para os refugiados, mais de 321 mil pessoas fugiram de Mogadício desde 1º de fevereiro, quando recomeçaram os combates. Apenas na última semana, quase 200 pessoas morreram vítimas dos confrontos.
A ONU acusou as forças governamentais somalis de bloquear os envios de ajuda humanitária e inclusive de ter disparado contra um avião de abastecimento das Nações Unidas. Em Mogadício os corpos são deixados nas ruas, o que representa perigo de epidemias de cólera ou diarréia.
A Somália vive instabilidade política desde 1991, quando os "senhores da guerra" depuseram o ditador Siad Barre. Desde então, 13 tentativas de estabelecer um governo falharam. O atual governo foi instituído em 2004, com o apoio da ONU (Organização das Nações Unidas).