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O Comandante da Marinha, Almirante Julio de Moura Neto, pretende pressionar o governo para que os cerca de R$ 2,7 bilhões que caberiam à força na divisão dos royalties do petróleo, sejam empregados no programa de reaparelhamento e modernização da Marinha, que está atrasado em pelo menos um ano.
Somente em 2007, o governo deverá reter R$ 850 milhões dos royalties que seriam destinados à Marinha. De acordo com Moura Neto, “com esse dinheiro, poderíamos dar início ao programa de reaparelhamento neste ano. Tudo poderia ser feito com o dinheiro do petróleo, um dinheiro que é nosso por lei".
Ele explicou ainda que os R$ 550 milhões do Orçamento da Marinha para este anos serão suficientes apenas para os gastos de manutenção da força.
O Comandante da Marinha reconheceu que a força atravessa uma de suas piores crises por conta da falta de recursos, resultado de uma década inteira recebendo menos que o necessário. Ele repetiu o antecessor, Almirante Roberto de Guimarães Carvalho, para quem a Marinha pode parar no médio prazo com a aposentaria de navios de guerra sem a devida reposição.
"Houve uma degradação das embarcações, dos aviões da Marinha e de outros equipamentos. Tivemos uma melhora em termos financeiros depois de 2004, mas isso não foi suficiente para reverter o processo de degradação, algo que é uma situação insustentável", desabafou.
Moura Neto lembrou que a Marinha é responsável pela defesa das águas territoriais onde se encontram a maior parte dos poços de petróleo do Brasil. A legislação garante à Marinha, uma parcela dos royalties justamente por conta dessa responsabilidade. Na avaliação do militar, a reivindicação é ainda mais justa, pois o Brasil se tornou auto-suficiente na produção de petróleo em 2006.
Ele afirmou que não apenas a Marinha, mas as Forças Armadas como um todo estão otimistas quanto ao impulso que o atual governo poderá dar aos processos de modernização e reaparelhamento.
Os militares aguardam para breve, uma reunião do Conselho de Defesa Nacional onde poderá ser apresentado uma espécie de Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), para as Forças Armadas, com estímulo à indústria de Defesa do país.
No momento, o Almirante Moura Neto aguarda uma definição por parte do governo quanto ao modelo de submarino que deverá ser construído no Brasil por uma empresa estrangeira.
A Marinha avalia modelos da classe Scorpene, da francesa Armaris, e o submarino alemão IKL-214, da HDW-ThyssenKrupp. Segundo Moura Neto, "há uma grande possibilidade de que optemos pelo IKL já que possuímos outros submarinos IKL. Mas há outras possibilidades, entre as quais o Scorpene. A Marinha ficaria satisfeita se obtivesse qualquer um dos dois", explicou.
No entanto, o almirante reconhecer que enquanto se trabalha no desenvolvimento de um submarino nuclear nacional, o Brasil levaria pelo menos oito anos e gastaria cerca de US$ 600 milhões para concluir a construção de um reator atômico. Só depois disso é que o país poderia se dedicar à construção do casco.