José Sergio Osse
Valor Online
A empresa anunciará estudo de viabilidade de um projeto na área na próxima quinta-feira, no Rio de Janeiro, durante a feira Latin America Aero & Defence (LAAD).
Segundo o vice-presidente de defesa da Embraer, a companhia identificou demanda reprimida nesse mercado.
"Percebemos um forte envelhecimento na frota" mundial, diz ele.
"Os clientes têm investido muito na modernização de aviões antigos e, quando há essa demanda por modernização, há uma indicação de não existem produtos novos no mercado que atendam a necessidade dos clientes", explica.
Segundo Aguiar, hoje é mais vantajoso para os governos modernizarem seus aviões antigos do que comprarem novos por conta dos altos preços ou porque os modelos disponíveis não atendem as exigências operacionais.
O estudo da Embraer mostra que os segmentos mais promissores para um programa são os de transportes pesados e médios, no qual se encaixa, por exemplo, o Lockheed C-130 Hercules, um dos aviões de maior sucesso e mais antigos em serviço em mais de 50 países, inclusive o Brasil.
Seu projeto inicial é do começo da década de 1950.
O modelo em estudo pela Embraer utilizaria como plataforma base a família de jatos comerciais EMB 170/190.
"Isso permitiria reduzir o nível de investimento inicial, assim como o risco do programa como um todo", diz Aguiar.
"Utilizando uma plataforma já existente, não seria necessário criar tudo novo, apenas adaptar o que já existe às necessidades militares", afirma.
Ao contrário do Hercules, o avião da Embraer seria propelido por turbinas.
"Isso não impediria seu uso nas missões atuais, que envolvem pousos em terrenos difíceis", afirma o executivo da Embraer, há pouco mais de um ano no cargo.
Para identificar as necessidades dos clientes, Aguiar afirma que já iniciou conversas com potenciais clientes para entender melhor suas demandas e para que o desenvolvimento de uma nova aeronave desse segmento incorpore todas as características necessárias para ser competitiva.
Na próxima quinta-feira, a companhia vai detalhar o estudo de análise, que aponta o que a Embraer já tem de concreto e pode servir de embrião para o programa, assim como demonstra quais são as necessidades que a empresa identifica em seus clientes.
Para o executivo, tão importante quanto um possível novo programa na área de transporte militar é chamar a atenção do mercado para a companhia, diz Aguiar.
"O mercado de defesa é diferente do de aviação civil, em que há um plano de negócio que é aprovado e o avião é produzido em série", diz o vice-presidente.
"No mercado de defesa os contratos são para atender, muitas vezes, necessidades específicas, com grande envolvimento de terceiros - principalmente a Força Aérea do país.
Mas também não se pode ficar sem falar o que há em estudo", diz ele.
Para Aguiar, é importante que a empresa chame a atenção de seus parceiros, de seus clientes e mesmo de investidores interessados em desenvolver produtos para a área de defesa.