da Folha Online
Ao menos soldados iraquianos morreram e outras 15 pessoas ficaram feridas nesta quinta-feira após um ataque suicida contra um posto de controle no Iraque.
Na ação, um terrorista suicida atirou um carro-bomba contra um posto de controle em Khalis, a 80 quilômetros de Bagdá, na Província de Diyala, segundo a agência de notícias Reuters.
De acordo com a polícia, todos os mortos eram militares, mas há civis entre os feridos. O atentado é o mais recente de uma série de ataques que atingiu Diyala --região cuja população inclui sunitas e xiitas-- nesta semana.
"Diyala é um dos principais alvos no Iraque neste momento, ao lado de Bagdá e da Província de Anbar, para onde são direcionados muitos dos esforços insurgentes", afirmou o porta-voz militaar Christopher Garver. "Diyala tornou-se um campo de batalha", acrescentou.
O Exército americano afirma que já havia calculado que a operação militar em curso em Bagdá, que visa deter a ação rebelde, espalharia a violência para outras regiões do Iraque.
Na segunda-feira (23), nove soldados morreram em um ataque contra uma base militar ocorrido perto da capital de Diyala, Baquba, em um dos piores ataques terrestres contra as forças americanas desde o início do conflito, em 2003. Dois dias depois, um suicida matou nove pessoas em uma delegacia de polícia em Balad Ruz, também em Diyala.
Nesta quinta-feira, dois caminhões-bomba e um suicida vestindo um cinto de explosivos mataram três pessoas e feriram outras 13 em explosões que tinham como alvo o líder do Partido Democrático do Curdistão, Massoud Barzani, e forças curdas.
Também nesta quinta-feira, uma bomba deixada na beira de uma estrada matou duas pessoas e feriu dez perto do mercado de Shorja, no centro de Bagdá, segundo informações da polícia.
A ofensiva militar americana em Bagdá e em outras Províncias são vistas como a última tentativa de deter a violência sectária e impedir uma guerra civil no Iraque.
Dezenas de milhares de soldados americanos e iraquianos foram destacados para a região de Bagdá desde meados de fevereiro. Cinco novas brigadas dos EUA devem ser enviadas ao país como reforço até o início de junho.
Relatório
Oficiais da ONU (Organização das Nações Unidas) acusaram o governo do Iraque nesta quarta-feira de reter informações sobre mortes de civis para evitar a piora da percepção internacional sobre a gravidade da situação no país, segundo informações da agência de notícias Associated Press.
A ONU informou também que a crise humanitária no Iraque está piorando apesar dos esforços da nova estratégia elaborada pelos Estados Unidos para contar a violência no país.
As acusações estão contidas em um relatório divulgado pela Missão de Assistência da ONU ao Iraque. O relatório foi duramente criticado pelo governo do Iraque, que o classificou de "desequilibrado" e questionou a credibilidade dos funcionários das Nações Unidas no país.
O relatório da ONU descreve os três meses anteriores a 31 de março e evita fazer julgamentos sobre a eficácia militar da operação militar dos EUA, que foi oficialmente lançada em meados de fevereiro. Ainda assim, o texto levanta questões sobre o impacto das operações militares em civis iraquianos, alegando, por exemplo, que famílias inteiras são detidas durante operações de segurança.
"O governo do Iraque continua a enfrentar imensos desafios de segurança frente à crescente violência e oposição armada a sua autoridade, além da piora da crise humanitária", afirma o texto. "O uso de tortura e outros tratamentos desumanos" em centros de detenção do governo "continuam despertando profunda preocupação", completa.
Veto
O presidente americano, George W. Bush, deve receber nesta semana uma legislação elaborada pela Câmara que prevê o início da retirada das tropas no final deste ano.
A expectativa é que Bush vete a proposta, aprovada por 218 votos contra 208, que inclui ainda o envio de US$ 124,2 bilhões como recursos extras para o conflito.
"Os sacrifícios de nossas tropas e de suas famílias exigem mais do que os cheques em branco que o presidente pede, para uma guerra sem fim", afirmou a democrata Nancy Pelosi, atual líder da Câmara.
No entanto, Bush vem resistindo à definição de um cronograma de retirada dos soldados.
Republicanos afirmam que definir um prazo seria o mesmo que estipular uma "data para a rendição". "A rede Al Qaeda vê isto como o dia em que a Câmara dos Representantes jogará a toalha", afirmou o republicano Jerry Lewis, da Califórnia.
Com Reuters e Associated Press