Da Reuters
CABUL - A Otan lançou nesta terça-feira (6) sua maior ofensiva no Afeganistão desde 2001, tendo militantes do Talibã e traficantes como alvo, enquanto no leste do país centenas de pessoas faziam uma manifestação contra a morte de civis por soldados dos EUA.
A Operação Achilles, que em seu auge vai envolver 4.500 soldados da Otan e cerca de mil afegãos, começou ao alvorecer na província de Helmand, centro do tráfico de ópio no país, maior produtor mundial, segundo nota assinada pelo general holandês Ton van Loon, chefe do Comando Sul da aliança.
O Talibã ocupou há um mês a cidade de Musa Qala, em Helmand, rompendo uma polêmica trégua. Mas uma porta-voz da Otan afirmou que o objetivo específico da operação não é retomar o controle da área.
"Significa o começo de uma ofensiva planejada para trazer segurança ao norte de Helmand e estabelecer as condições para um desenvolvimento significativo que irá fundamentalmente melhorar a qualidade de vida dos afegãos na área", disse Van Loon.
A Otan tem cerca de 33 mil soldados no país, incluindo o pessoal de apoio.
"As operações vão se focar em melhorar a segurança em áreas onde os extremistas do Talibã, os narcotraficantes e outros elementos tentam desestabilizar o governo", disse Van Loon, acrescentando que um dos principais objetivos será reparar e ampliar uma hidrelétrica.
Mais de 4 mil pessoas morreram em combates em 2006, o ano mais violento no Afeganistão desde o início da ocupação norte-americana que derrubou o regime islâmico do Talibã.
Otan e EUA, de um lado, e o Talibã, de outro, alertam para uma ofensiva nos próximos meses, quando a neve afegã derrete. Ambos prometem tomar a iniciativa.
Protesto
Em Jalalabad, perto da fronteira com o Paquistão, centenas de pessoas foram às ruas protestar contra a morte, no domingo (4), de vários civis por soldados dos EUA. Cerca de 2 mil pessoas bloquearam a estrada que liga Cabul à fronteira, gritando "morte aos americanos", segundo testemunhas.As autoridades dizem que pelo menos dez civis foram mortos por marines que tiveram seu comboio atacado por um homem-bomba. A ONG Human Rights Watch fala em entre 8 e 16 mortos. Os militares dizem apenas que o atentado suicida e o subseqüente tiroteio mataram 16 pessoas -sem informar se eram civis ou militantes.
O governo afegão iniciou uma investigação, mas inquéritos prévios feitos pelas autoridades locais, pela Otan e pelas forças dos EUA não foram além de confirmar os relatos iniciais das testemunhas.
Na segunda-feira (5), as forças dos EUA também mataram nove civis -cinco mulheres, três crianças e um idoso- com uma bomba de quase mil quilos, perto de Cabul, depois do ataque a um posto militar.