É bastante significativo o fato de que a capacidade dos modernos submarinos não nucleares motivou a U. S. Navy a arrendar à Suécia um submarino da classe “Gotland” para treinar seus meios e seu pessoal nos métodos de busca e acompanhamento desse tipo de navio.
Com um histórico de mais de cem anos, a escola russa de construção de submarinos está inseparavelmente ligada ao Bureau Central de Projetos de Engenharia Naval “Rubin” e aos Estaleiros do Almirantado. O Bureau Rubin é o maior da Rússia, e dispõe de vasta experiência na concepção, gerenciamento de projeto e manutenção de submarinos de vários tipos — desde midgets até submarinos lançadores de mísseis. Cerca de mil submarinos já foram construídos segundo os projetos desenvolvidos pelo Rubin, incluindo mais de cem submarinos convencionais para 14 países. Em anos recentes os carros-chefe foram as classes “Projeto 877EKM” e “Projeto 636” (classe “Kilo”, uma das mais bem sucedidas no campo dos submarinos convencionais).
Com base na experiência obtida ao longo de muitos anos de operação de submarinos diesel-elétricos pela marinha russa e pelas marinhas de outros países em diferentes oceanos, o Rubin desenvolveu os modelos “Amur” (“Amur 1650” e “Amur 950”), sua nova geração de submarinos não nucleares, cuja capacidade ultrapassa por margem considerável a dos navios da geração anterior.
O Submarino da classe Amur, é uma versão do submarino russo da classe Lada. As diferenças estão relacionadas à possibilidade de se modificar os sistemas do submarino ao gosto e requisitos de cada cliente, sendo assim uma versão de exportação do submarino de 4º geração Classe Lada. A classe Lada, foi desenvolvida para substituir os submarinos da classe Kilo, um dos mais silenciosos do mundo, atualmente, esses novos submarinos, o Lada e o Amur, serão ainda mais silenciosos. Para esses submarinos, foi projetado um casco mais largo para facilitar futuras adaptações e modernizações. O submarino Amur possui varias configurações de tamanho que vão de 550 até 1850 toneladas, de deslocamento.
O Amur foi projetado para ser compatível com o sistema AIP (células de combustível) Kristall-27E para gerar a energia para os motores, de forma independente da atmosfera. Quando a energia das baterias dos submarinos convencionais se acaba, é preciso subir com o submarino, para perto da superfície para que através do mastro snorkel, ele capte ar da atmosfera para que seu motor a diesel trabalhe para gerar a eletricidade para carregar as baterias do submarino, e assim poder voltar a mergulhar e a navegar em profundidade segura de operação. Esse procedimento, torna o submarino convencional vulnerável demais, e poderia denunciar sua presença para os seus inimigos.
O sistema AIP, soluciona essa deficiência, pois se consegue, através dele, produzir essa eletricidade, sem que os motores a diesel precisem ficar ligados, e por tanto, recebendo ar da atmosfera. Esse sistema permite que o submarino permaneça submerso por até 5 vezes o tempo que um submarino sem esse sistema AIP ficaria. Futuramente, esse tempo deve aumentar com a chegada dos sistemas AIP de 4º geração.
Por motivo de custos, o sistema AIP não foi incorporado na construção do primeiro submarino. Esses submarinos iniciais da classe Amur, podem ficar até 15 dias submersos, usando seus sistemas convencionais de propulsão. Com a futura incorporação do AIP Kristall-27E AIP, esse tempo aumentará para 45 dias submerso, o que lhe garantirá uma furtividade espetacular.
O sistema de propulsão do Amur, pode leva-lo a uma velocidade de 44 km/h quando submerso. Esse desempenho varia de acordo com o tamanho de versão do Amur. Os submarinos deste tipo com menor deslocamento, são, também, menos velozes, e atingem uma velocidade de 34 km/h quando submersos. O alcance do Amur está em 12000 km na versão de maior tamanho, a Amur 1850. A profundidade máxima durante uso do sistema AIP, no Amur, será de 300 metros com uma tripulação de 34 homens.
O armamento do submarino Amur, é extremamente letal. Certamente, é um dos mais bem armados submarinos do mundo no combate a outras embarcações. A principal arma é, sem a menor dúvida, o torpedo supercavitante SHKVAL, de 533mm, capaz de atingir, incríveis 200 nós ou quase 400 km/h.
Esse torpedo usa um motor a jato para impulsionar e ganhar a energia necessária para que o efeito de supercavitação ocorra, diminuindo em muito, o contato do torpedo com a água, e por isso substituindo a resistência hidrodinâmica, pela resistência aerodinâmica, que é cerca de 1000 vezes menos que a da hidrodinâmica.
Sua ogiva é de 210 kg de TNT e sua detonação se dá por contato ou por aproximação. Seu alcance efetivo é de 7000 mts.
Nas versões menores do Amur, existem 4 tubos de torpedos, e nas maiores existem 6 tubos e 16 recargas.
Além desse torpedo de alta velocidade, os submarinos da classe Amur serão equipados com o míssil de cruzeiro de lançamento vertical KLUB S, que podem ser usados contra navios de guerra ou ainda lançarem um torpedo na água para destruir outro submarino.
O alcance deste míssil é variável conforme sua versão e carga, sendo que a versão anti-submarina alcance 50 km, enquanto que a versão antinavio tem um alcance de 300 km. Existe uma versão com capacidade de atacar alvos terrestres também desta arma e seu alcance é igual à versão antinavio.
A velocidade de ambas as versões deste míssil são diferentes, sendo que a versão anti-submarina alcança 2600 km/h e a versão anti-navio, de maior alcance, tem uma velocidade de 900 km/h.
Um outro míssil pode ser usado nos submarinos da classe Amur, é o SS-N-16 Stallion, que alcança de 50 a 120 km dependendo da versão. Sua ogiva pode ser desde um torpedo Type 40, até uma carga nuclear de 10 a 20 Kilotons. Certamente uma arma temível.
Uma característica importante sobre o poder de fogo dos submarinos da classe Amur, é a capacidade de lançar 10 mísseis em um espaço de 2 minutos. Com uma capacidade dessas, o Amur, praticamente, faz chover mísseis num inimigo! Os sonares instalados, são do tipo passivo e ativo com altíssima sensibilidade.
Amur 1650
O “Amur 1650” é a versão de exportação do submarino Sankt Peterburg (“Projeto 677”), construído para a marinha russa pelos Estaleiros do Almirantado. Durante seu projeto, as modernas tendências mundiais da construção de submarinos convencionais foram consideradas e aplicadas ao máximo. As comunidades científica e industrial da Rússia desenvolveram mais de 130 grandes trabalhos de pesquisa e desenvolvimento, que tornaram possível desenvolver protótipos dos seus modernos equipamentos. As características técnicas e táticas do submarino o capacitam a atingir alvos submersos e de superfície, inclusive através do uso de mísseis.
O “Amur 1650” é dotado de uma nova geração de armamento, sofisticada propulsão elétrica (baterias de maior capacidade e maior vida útil), e dispõe de cobertura refratária ao sonar no casco. A bordo encontra-se um sistema automático de controle do navio e de seus sistemas de combate e equipamentos. A “suite” de sonar inclui uma sensível antena passiva localizada na proa, com área muito maior do que a de submarinos de gerações anteriores. O sistema de navegação possibilita o deslocamento seguro e o uso de mísseis mesmo durante prolongados períodos de imersão. Nenhum dos mastros, à exceção do periscópio de ataque, penetra no casco. O “Amur 1650” possui seis tubos de torpedos de 533mm na proa, e pode transportar 18 armas (torpedos, mísseis de cruzeiro e minas, em qualquer combinação).
Amur 950
O Rubin também desenvolveu um projeto de submarino convencional denominado “Amur 950”, que combina muitas das vantagens encontradas a bordo do “Amur 1650”, com um menor deslocamento (1.150t). O armamento consta de: dez lançadores verticais para mísseis 3M-54E1, antinavio, ou 3M-14E, de ataque a alvos terrestres; e quatro tubos de torpedo na proa (o total de torpedos que pode ser transportado é de seis).
Em menos de dois minutos, pode ser lançada uma salva de até dez mísseis. Os torpedos, filoguiados, são destinados a ataques a alvos de superfície ou submersos, em alcances menores. Para autodefesa o navio dispõe de engodos (decoys) de sonar armazenados em lançadores localizados na superestrutura. O “Amur 950” possui um sistema de combate integrado de última geração, e as condições de habitabilidade para os 18 tripulantes são excelentes. A compacidade, combinada ao armamento pesado, confere ao “Amur 950” uma relação custo/benefício vantajosa quando comparada com a de outros tipos de submarinos. Além disso, a simplicidade do projeto pode ser um atrativo para construção sob licença.
Dupla de sucesso
Os Estaleiros do Almirantado são, por excelência, construtores de submarinos de propulsão convencional, e possuem vasta experiência nesse campo. Desde sua fundação, já construíram mais de 300 submarinos, dos quais 41 com propulsão nuclear. A experiência acumulada pelos especialistas dos Estaleiros e suas empresas sub-contratadas nas áreas de construção, modernização e reparos de submarinos, inclusive para clientes estrangeiros, está sendo aplicada de forma bem sucedida na construção dos submarinos de quarta geração, do “Projeto 677”. O sistema de gerenciamento do estaleiro segue os padrões ISO 9001-2001, o que garante a alta qualidade de seus produtos.
Juntos, o Rubin e os Estaleiros do Almirantado estão habilitados a implementar as providências para o fornecimento de equipamento, treinamento e suporte a países estrangeiros, incluindo manutenção e reparos de submarinos já entregues. O bem organizado sistema de treinamento do pessoal do cliente e os serviços pós-venda fornecidos aos submarinos comercializados buscam assegurar que eles estarão aptos a cumprir as missões especificadas sempre que necessário. Sempre que possível, o Bureau Rubin e os Estaleiros do Almirantado enfatizam que estão abertos a programas de cooperação no campo dos submarinos.
Segurança&Defesa
Naval Power