da Efe, em Londres
da Folha Online
Israel está negociando com os Estados Unidos uma permissão para poder sobrevoar o Iraque como parte de um possível plano para atacar instalações nucleares do Irã, segundo a edição deste sábado do jornal britânico "The Daily Telegraph".
O vice-ministro da Defesa de Israel, Ephraim Sneh, negou neste sábado que seu país tenha pedido permissão aos EUA para sobrevoar o Iraque na intenção de atacar o Irã, e disse que as informações a este respeito são propagadas pelos que não querem lidar diplomaticamente com Teerã.
De acordo com o jornal, que cita como fonte um alto funcionário da Defesa israelense, Israel necessita da autorização do Pentágono para que seus aviões de guerra possam atravessar o espaço aéreo iraquiano. Por isso, Israel negocia com os EUA a abertura de um "corredor aéreo" caso decida lançar uma ofensiva militar contra o Irã.
Segundo a fonte, a questão do espaço aéreo tem de ser resolvida para evitar que uma situação-surpresa ponha em risco aviões americanos e israelenses, que poderiam, por erro de estratégia, atacar-se entre si.
Imprensa
Ontem, importantes jornais britânicos já haviam sinalizado as intenções dos EUA de atacar o Irã e de, inclusive, usar a mesma tática da Guerra do Iraque para convencer a comunidade internacional. O "Times" informou que autoridades do governo britânico temem que o presidente dos EUA, George W. Bush, ordene um ataque ao Irã antes do fim de seu mandato, em dois anos. "Bush não quer deixar a questão para o sucessor", disse uma das fontes, que pediram anonimato.
Em outra reportagem, "Guardian" informou que muitos dos dados sobre o programa nuclear iraniano recolhidos pelos serviços de inteligência dos EUA são "infundados", segundo fontes diplomáticas que atuam na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
As afirmações --que lembram o ocorrido antes da Guerra do Iraque, em 2003, quando Washington apresentou informações falsas sobre a existência de armas químicas-- coincidem com o aumento da tensão internacional depois de a AIEA, com sede em Viena, anunciar que o Irã desafiou o ultimato do Conselho de Segurança (CS) da ONU (Organização das Nações Unidas), estendendo, em vez de barrar, suas atividades nucleares.
Em 23 de dezembro, a ONU deu um mandato à AIEA para elaborar em 60 dias um relatório que estabelecesse se o Irã cumpriu a resolução 1737, que exige a suspensão de todas as atividades relacionadas com o enriquecimento de urânio --processo que pode tanto produzir combustível para usinas de energia quanto material bélico.
Reunião
Nesta segunda-feira, representantes dos cinco membros permanentes do CS da ONU (China, França, EUA, Reino Unido e Rússia) e a Alemanha vão abordar a crise do Irã em Londres.
Após a divulgação do relatório da AIEA, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse ser "impossível" frear as atividades nucleares de seu país, e acrescentou que "não renunciará nem um pouco a seu direito às tecnologias atômicas".
O CS da ONU exige a suspensão imediata e incondicional do enriquecimento de urânio, que abriria espaço para negociações a respeito de um pacote de vantagens econômicas para o Irã. O governo iraniano, no entanto, recusa-se a abandonar as atividades nucleares como uma pré-condição para as negociações.
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