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Montada em uma torre giratória acoplada ao nariz de um Boeing 747-400F, a tecnologia baseia-se no laser químico óxido-iodo (chemical oxygen iodine laser - COIL), inventado em 1977, tendo como combustível peróxido de hidrogênio e hidróxido de potássio, elementos químicos comuns em nosso dia-a-dia, operando em comprimento de onda infravermelho.
O 747-400F, uma aeronave de uso comercial modificada, recebeu o reforço de lâminas de titânio em sua fuselagem para protegê-la do calor gerado pelo laser, possuindo ainda uma pequena redoma logo acima da cabine com os lasers designadores de pequena intensidade e na frente teve instalada a torre que pesa cerca 6.000 kg, equipada com um telescópio de 1,5 m de diâmetro, que tem a função de direcionar o feixe laser principal sobre o objetivo.
Durante as missões, reabastecidos no ar, os 747-400F poderão operar por longos períodos sobre áreas problemáticas do globo, permanecendo em patrulha o tempo que for necessário. Para que o sistema ABL/COIL funcione adequadamente, ele está sendo preparado para detectar, monitor e destruir um míssil na sua fase inicial de vôo, logo após o disparo, quando este gasta boa parte de seu combustível para vencer a força da gravidade terrestre.
Quando em operação, um par de aeronaves 747-400F equipadas com a ABL orbitarão sobre território aliado enquanto seus sensores buscam o calor emanado da exaustão de mísseis recém lançados. Assim que o alvo é identificado um feixe laser de baixa potência, conhecido como Track Illuminator, o "ilumina", monitorando sua trajetória enquanto um computador calcula um ponto de interceptação ideal. Outro feixe mede os distúrbios da atmosfera utilizando-se de um sistema ótico para corrigí-los, para que então o sistema de controle de tiro direcione o feixe laser principal para a área mais vulnerável do míssil balístico hostil, até que a poderosa energia concentrada naquele ponto o destrua.
Porém os desafios tecnológicos para o sistema ABL/COIL são muitos: a aeronave deve ser estável o suficiente para permanecer voando por longos turnos; os sensores devem ser capazes de detectar os mísseis rapidamente e acompanhá-los continuamente; os computadores têm que controlar dezenas de ameaças e definir qual deve ser destruída primeiro; espera-se que o sistema ótico possa compensar os efeitos atmosféricos entre o laser e seu alvo e, finalmente, o laser COIL deverá ser potente e preciso o bastante para atingir mísseis balísticos que se movem a velocidades mach 6 ou acima, a uma distância de centenas de quilomêtros.
Iniciado em 1993, com investimentos que já somam US$ 6 bilhões, o programa ABL será parte de um sistema integrado de defesa anti-mísseis, que contará também com mísseis interceptadores de energia cinética (com ogivas sólidas, não explosivas), lançados de terra ou mar, formando um "escudo" de cobertura mundial. O primeiro teste real deverá ser realizado em 2008 e espera-se que todo o sistema esteja operacional até o final da próxima década, trazendo para o campo de batalha moderno uma arma que só imaginávamos existir na ficção científica. (Military Power Review)