BERLIM (Reuters) - A França fez nesta terça-feira uma advertência contra a proposta dos Estados Unidos de que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) deveria tornar-se um grupo mais global, alegando que uma mudança deste tipo somente enfraqueceria a aliança.
Em artigo publicado no jornal alemão Die Welt três semanas antes da reunião da Otan na Letônia, a ministra da Defesa da França, Michele Alliot-Marie, rejeitou os pedidos por uma reformulação da aliança com base em Bruxelas.
"Acredito ser desejável melhorar as maneiras práticas como as missões são realizadas, sem mudar a natureza fundamental da Otan, que deve continuar sendo uma aliança Europa-Atlântico", disse Alliot-Marie.
Ela disse que transformar a Otan em uma "parceria global" pode representar um risco de danos à solidariedade entre a Europa e os Estados Unidos e tornar a aliança um organismo sem uma definição clara, o que alienaria os países que não forem membros.
Em discurso em Bruxelas na semana passada, a embaixadora os EUA para a Otan, Victoria Nuland, indicou o desejo de transformar a aliança de 26 países em uma organização global de segurança.
A França está entre os países mais céticos em relação ao pedido dos EUA para que a Otan tenha um papel maior no problemas fora de sua área interna e assuma mais missões não-militares, conforme fez após o terremoto do ano passado no Paquistão.
"Transformar a Otan em uma organização com responsabilidade de reconstrução econômica e democrática vai contra sua missão e seus recursos", disse Alliot-Marie, que é considerada próxima do presidente Jacques Chirac.
"Precisamos garantir que a aliança não seja enfraquecida por novas responsabilidades confusas", disse.
A França vem sendo um membro crítico e distanciado da Otan desde que o general Charles de Gaulle retirou as forças francesas do comando militar aliado, em 1966.
Diplomatas dizem que Alemanha, Bélgica, Luxemburgo e Espanha também têm reservas sobre a transformação da Otan em polícia do mundo.