Ucrânia: Enviado de Trump sugere "zona desmilitarizada" no pós-guerra

Enviado de Trump diz que Ucrânia pós-guerra pode assemelhar-se a uma "Berlim pós-Segunda Guerra Mundial". E propõe rio Dnipro como linha de demarcação. Também ontem, EUA é Rússia debateram "aspetos do acordo ucraniano".


Lusa

A Ucrânia pós-conflito poderá assemelhar-se a uma "Berlim pós-Segunda Guerra Mundial", com a presença de forças europeias e russas separadas pelo rio Dnipro, descreveu o enviado dos EUA Keith Kellogg ao jornal britânico The Times, numa entrevista divulgada este sábado.

Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky recebeu enviado norte-americano para a Ucrânia Keith Kellogg em fevereiro deste ano © Sergei Supinsky/AFP

Depois de mais de três anos de guerra, desencadeada pela invasão russa em 24 de fevereiro de 2022, e de progressos extremamente limitados no sentido de uma trégua, vários países, como a França e o Reino Unido, manifestaram o apoio à ideia de uma presença militar europeia de manutenção da paz na Ucrânia, oferecendo-se mesmo para fazer parte desta quando o conflito terminar.

"Quase poderia fazer lembrar o que aconteceu com Berlim depois da Segunda Guerra Mundial, quando havia uma zona russa, uma zona francesa, uma zona britânica, uma zona americana", descreveu o general Kellogg.

E para substituir o muro de separação construído em 1961 na capital alemã - e depois derrubado em 1989, no auge do colapso da URSS - o enviado norte-americano está a pensar no rio Dnipro, "um grande obstáculo natural" que corta a Ucrânia e mesmo Kiev de norte a sul.

Segundo Kellogg, uma presença anglo-francesa sob a forma de uma "força de garantia da paz" a oeste do Dnipro não seria "nada provocatória" para Moscovo. A Rússia ficaria a leste, com as tropas ucranianas no meio.

Estabelecimento de uma "zona desmilitarizada"

No entanto, consciente de que o Presidente russo, Vladimir Putin, poderia "não aceitar" esta proposta, Keith Kellogg sugeriu também o estabelecimento de uma "zona desmilitarizada" entre as linhas ucranianas e russas. O objetivo é garantir que não haja troca de tiros.

"Olhamos para um mapa e criamos, por falta de um termo melhor, uma zona desmilitarizada (DMZ). Os dois lados recuam 15 quilómetros cada um", explica.

Desde 1953 que existe entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul uma zona tampão pós-guerra, embora com apenas quatro quilómetros de largura.

"Agora, haverá violações? Provavelmente, porque há sempre. Mas a nossa capacidade de monitorizar isso é fácil", disse.

EUA não enviam tropas

Kellogg disse ainda que Washington não enviaria quaisquer tropas terrestres para a força de segurança na Ucrânia. E alertou a França e o Reino Unido para não contarem com o apoio norte-americano à aliança de países europeus e da Commonwealth que se comprometeram a fornecer garantias de segurança à Ucrânia após um cessar-fogo.

"Planeiem sempre para o pior cenário", aconselhou.

Os comentários de Kellogg marcam a primeira vez que uma alta autoridade norte-americana propõe o Dnipro como uma linha de demarcação na Ucrânia no pós-guerra.

EUA é Rússia debatem "aspetos do acordo ucraniano”

A proposta surge no mesmo dia em que o enviado especial de Trump para o Médio Oriente, Steve Witkoff, se encontrou em São Petersburgo com o Presidente russo, Vladimir Putin, para discutir um futuro acordo de paz na Ucrânia.

A reunião, realizada à porta fechada na Biblioteca Presidencial em São Petersburgo, foi a terceira entre Witkoff e Putin em dois meses e durou perto de 4h30m, segundo as agências de notícias russas Ria Novosti e TASS.

"A reunião centrou-se em aspetos do acordo ucraniano", afirmou o Kremlin num curto comunicado emitido após a sua conclusão.

Apesar da recente trégua entre Kiev e Moscovo nos ataques contra infraestruturas energéticas, prosseguem as hostilidades e a Rússia ameaça deixar cair este entendimento a 16 de abril devido ao que alega serem violações contínuas da moratória.

Kiev, por seu lado, acusa as forças russas de prosseguir ataques quase diários contra infraestruturas civis.

Se não for alcançado um cessar-fogo até ao final do mês, o líder norte-americano poderá impor sanções adicionais à Rússia, seja através do poder executivo ou pedindo ao Congresso que aprove nova legislação de sanções, de acordo com a imprensa norte-americana.

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