O movimento islamista palestino Hamas declarou, neste sábado (12), que espera "avanços reais" nas negociações planejadas no Cairo com vistas a uma nova trégua na Faixa de Gaza, onde os bombardeios israelenses mortais continuam.
France Presse
Enquanto isso, o Exército israelense anunciou que interceptou três foguetes disparados do território palestino, onde Israel retomou sua ofensiva em larga escala em 18 de março, após uma trégua de dois meses.
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Palestinos carregam seus pertences enquanto fogem dos bairros orientais da Cidade de Gaza após ordens de evacuação israelenses, 11 de abril de 2025, na Faixa de Gaza © Bashar TALEB |
Uma delegação do Hamas liderada pelo principal negociador do movimento, Khalil al-Hayya, chegará à capital egípcia neste sábado para discutir um possível cessar-fogo em Gaza com mediadores egípcios, disse uma autoridade do Hamas à AFP.
"Esperamos que a reunião leve a avanços reais em direção a um acordo que ponha fim à guerra e à agressão e garanta a retirada completa das forças de ocupação de Gaza", disse a autoridade, sob condição de anonimato.
Segundo a fonte, o Hamas não recebeu nenhuma nova proposta de trégua, apesar dos relatos da imprensa israelense de que Egito e Israel trocaram rascunhos de documentos relacionados a um acordo de cessar-fogo e à libertação dos reféns.
"Mas os contatos e as conversas com os mediadores continuam", afirmou.
A guerra em Gaza começou em 7 de outubro de 2023, quando combatentes do Hamas atacaram o sul de Israel e mataram 1.218 pessoas, segundo dados oficiais.
Milicianos islamistas também sequestraram 251 pessoas, 58 das quais permanecem em Gaza, incluindo 34 que estariam mortas, de acordo com o Exército israelense.
- "Questão de dias" -
Segundo o jornal "Times of Israel", a proposta egípcia pede o retorno a Israel de 16 reféns, oito vivos e oito mortos, em troca de uma trégua de 40 a 70 dias e a libertação de um grande número de prisioneiros palestinos."Estamos chegando perto do ponto em que poderemos recuperá-los", declarou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, esta semana, referindo-se aos reféns.
Seu enviado ao Oriente Médio, Steve Witkoff, citado pela imprensa israelense, também afirmou que "um acordo muito sério está tomando forma; em questão de dias".
Uma trégua mediada por Estados Unidos, Egito e Catar, em vigor de 19 de janeiro a 17 de março, permitiu o retorno de 33 reféns, incluindo oito que morreram, em troca da libertação de cerca de 1.800 prisioneiros palestinos por Israel.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirma que o aumento da pressão militar é a única maneira de forçar o Hamas a libertar os reféns.
O Ministério da Saúde de Gaza, governada pelo Hamas, anunciou que pelo menos 1.563 palestinos morreram desde 18 de março, elevando o número total de mortos no território para 50.933 desde o início da ofensiva israelense em retaliação ao ataque de 7 de outubro.
A Defesa Civil local informou, neste sábado, que uma pessoa morreu e várias ficaram feridas em um bombardeio israelense ao oeste de Khan Yunis, no sul.
Quatro outros palestinos foram enterrados no mesmo dia após um ataque israelense à sua casa no leste da Cidade de Gaza, segundo imagens da AFP.
O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos declarou que "entre 18 de março e 9 de abril de 2025, houve aproximadamente 224 bombardeios israelenses contra prédios residenciais e tendas para pessoas deslocadas".