Francesca Albanese: "O direito internacional proíbe o que Israel faz: não é uma guerra, é um ataque genocida" (ÁUDIO)

Relatora Especial da ONU para os Territórios Palestinos Ocupados denuncia ataques israelenses a Gaza

"Israel, como um estado de apartheid, não pode ser considerado um estado normal", diz ela


RTVE.es

A Relatora Especial das Nações Unidas para os Territórios Palestinos Ocupados, Francesca Albanese, disse que a situação atual em Gaza é devastadora. 90% da população sofre de insegurança hídrica e não tem acesso a alimentos ou medicamentos e, além do bombardeio constante do exército israelense, os civis sofrem agressões físicas, psicológicas e sexuais. "O direito internacional proíbe o que Israel está fazendo: não é uma guerra, é um ataque genocida", denunciou em entrevista à Rádio Nacional da Espanha.

Francesca Albanese, Relatora Especial das Nações Unidas: "O direito internacional proíbe o que Israel está fazendo: não é uma guerra, é um ataque genocida"

As ações militares de Israel no enclave palestino aumentaram a escassez de água, entre outros problemas crônicos que já sufocavam a população. Nos últimos meses, o Estado hebreu usou a água como arma de guerra e a ONU afirmou que resta apenas um mês de comida. De fato, lembrou Albanese, "90% da população sofre de insegurança hídrica, não tem água, não tem comida, não tem remédios...".

Isso se deve em parte ao rígido controle de Israel sobre o território palestino que, entre outras coisas, impede que a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) opere em Gaza. Além disso, o exército do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu controla a entrada de ajuda internacional na Faixa porque, de acordo com o ministro da Defesa de Tel Aviv, Israel Katz, bloquear a ajuda da população civil é a única maneira de exercer pressão para recuperar os reféns.

"Os israelenses têm, mas o governo não tem uma questão clara sobre os reféns. Ele quer conquistar a terra palestina sem os palestinos. É limpeza étnica", denunciou esse relator, considerado persona non grata para Israel, diante dos microfones da RNE. "Israel, como um estado de apartheid, não pode ser considerado um estado normal", disse Albanese.

"Israel está negando explicitamente ajuda humanitária"

Precisamente sobre esta questão, o relator insistiu que o que está acontecendo em Gaza "não é um conflito". Para ela, o termo é "uma distração" porque iguala israelenses e palestinos no "mesmo nível". Os palestinos são os povos ocupados e o país que os ocupa ilegalmente" é Israel.

Assim, ele fez uma referência clara à ordem da Corte Internacional de Justiça para Israel retirar sua presença militar dos territórios palestinos ocupados, desmantelar os assentamentos (também chamados de assentamentos) estabelecidos nessas áreas e cessar seu controle sobre os recursos naturais pertencentes ao povo palestino – como água, terra e outros bens – até 13 de setembro deste ano. Esta decisão representa uma forte medida legal contra a ocupação israelense, pois reconhece os direitos dos palestinos sobre seu território e recursos. No entanto, isso é constantemente violado pelo estado hebraico.

"A ajuda humanitária é necessária por lei e não é que Israel esteja comprometendo seu acesso, mas que é literal e explicitamente negado", lembrou Albanese.

"Não haverá dois estados se os palestinos não estiverem naquela terra"

Na entrevista, Albanese também refletiu sobre as ações da comunidade internacional neste conflito. "O que os outros estados estão fazendo para garantir que Israel acabe com sua ocupação militar? Nada. Eles continuam com seus assuntos econômicos e militares, é muito sério", insistiu. Para ela há falta de empatia por parte da União Europeia, embora tenha sublinhado que há milhões de europeus a protestar, e tenha dito que "não há alternativa ao respeito absoluto pelo direito internacional". O que ele não está claro é se é tarde demais para Israel e Palestina concordarem com a tão exigida solução de dois Estados, no entanto, ele insistiu que o genocídio ainda pode ser "interrompido".

"Não haverá dois Estados se os palestinos não estiverem naquela terra", disse ele depois de aludir à falta de compromisso internacional para impedir o êxodo forçado de palestinos. "É um drama para mim como europeu, como italiano... Ainda somos racistas com o mesmo padrão duplo de sempre. É realidade. Não temos empatia pelos palestinos." Para ela, uma boa solução seria o veto a todos os tipos de relações com Israel: "Sim, eles podem dialogar, mas não precisam fazer relações comerciais, militares ou estratégicas".

Sobre os planos que Donald Trump anuncia para a Faixa de Gaza, Albanese insistiu que as ações que Israel vem fazendo há anos na Faixa consistem em "limpar Gaza dos palestinos" e condenou a "simbiose entre Israel e os Estados Unidos", tanto dos governos republicano quanto de Trump, bem como dos governos democratas de Joe Biden. "Este genocídio começou com Biden. Ambos têm questões econômicas e militares muito importantes com Israel", lembrou.


Postagem Anterior Próxima Postagem

نموذج الاتصال