O presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta quinta-feira ao secretário-geral da Otan, Mark Rutte, que o controle do país sobre a Groenlândia é necessário para melhorar a segurança internacional, intensificando sua campanha para anexar a ilha estratégica do Ártico.
Por Steve Holland | Reuters
WASHINGTON - "Sabe, Mark, precisamos disso para a segurança internacional, não apenas para a segurança -- nacional -- temos muitos dos nossos 'players' favoritos navegando pela costa, e temos que ser cautelosos", disse Trump a Rutte, enquanto estavam sentados lado a lado no Salão Oval da Casa Branca para conversas. "Falaremos com você."
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Secretário-geral da Otan, Mark Rutte, encontra-se com presidente dos EUA, Donald Trump, na Casa Branca 13/03/2025 REUTERS/Evelyn Hockstein |
Questionado diretamente sobre a perspectiva de anexação, Trump disse: "Acho que isso vai acontecer".
Trump fez da anexação da Groenlândia pelos EUA um grande assunto de discussão desde que assumiu o cargo, em 20 de janeiro. Os comentários desta quinta-feira sugeriram que ele pode querer a Otan envolvida em sua tentativa de tomar a ilha, um território dinamarquês semiautônomo.
Os comentários provocaram uma rápida rejeição do primeiro-ministro da Groenlândia.
"O presidente dos EUA mais uma vez expressou a ideia de nos anexar", disse Mute Egede em uma publicação no Facebook. "Já chega."
Jens-Frederik Nielsen, líder do partido pró-negócios Demokraatit da ilha, que venceu as eleições parlamentares da Groenlândia na terça-feira, também rejeitou os comentários.
"A declaração de Trump dos EUA é inapropriada e apenas mostra mais uma vez que devemos nos unir em tais situações", escreveu Nielsen no Facebook.
A Otan e a embaixada da Dinamarca em Washington não responderam imediatamente a um pedido de comentário.
Pesquisas de opinião sugerem que a maioria dos groenlandeses se opõe à adesão aos EUA, embora a maioria seja a favor de uma eventual independência da Dinamarca.
Mesmo antes de iniciar seu segundo mandato como presidente, Trump disse que esperava tornar a Groenlândia parte dos Estados Unidos, embora a Dinamarca, aliada da Otan, diga que o país não está à venda.
A localização estratégica e os ricos recursos minerais da Groenlândia podem beneficiar os EUA. A ilha fica na rota mais curta da Europa para a América do Norte, vital para o sistema de alerta de mísseis balísticos dos EUA.
Trump também conseguiu irritar os canadenses com sua proposta de que o país se torne o 51º estado dos EUA. Ele também exige que os EUA exerçam mais influência sobre o canal do Panamá.
Rutte disse a Trump que deixaria a questão do futuro da Groenlândia para outros e que não quer "arrastar a Otan" para o debate. Ele afirmou que este deveria ser um tópico para países no "extremo norte", porque a China e a Rússia estão usando rotas aquáticas na área.
Trump persistiu, dizendo que a Dinamarca estava se recusando a discutir o assunto e que ele poderia enviar mais tropas norte-americanas para reforçar as bases dos EUA na Groenlândia.
"Temos lidado com a Dinamarca, temos lidado com a Groenlândia, e temos que fazer isso. Realmente precisamos disso para a segurança nacional. Acho que é por isso que a Otan pode ter que se envolver de alguma forma, porque realmente precisamos da Groenlândia para a segurança nacional. É muito importante", disse Trump.
Trump também tentou minar a reivindicação da Dinamarca à ilha.
"Sabe, a Dinamarca é muito longe, e realmente não tem nada para fazer. O que acontece, um barco atracou lá há 200 anos ou algo assim? E eles dizem que têm direitos sobre isso. Não sei se isso é verdade. Não acho que seja", disse.
(Reportagem adicional de Jeff Mason em Washington e Nora Buli em Oslo)
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