Grupo formado por Brasilinvest, Abu Dhabi Investment Group, GF Capital e Akaer vai elaborar plano de negócios até 4 de abril; governo acompanha
Daniel Rittner e Débora Bergamasco | CNN, em Brasília
Um consórcio de quatro grandes empresas e fundos de investimentos se juntou para deflagrar uma nova ofensiva pelo controle da Avibras.
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Símbolo da indústria de defesa nacional, fundada em 1961 por um grupo de engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a Avibras vive uma crise prolongada.
A nova tentativa de salvar a Avibras envolve o grupo Brasilinvest, do empresário Mario Garnero, o Abu Dhabi Investment Group (ADIG), o fundo de investimentos americano GF Capital e a Akaer. O consórcio assinou um memorando de entendimentos, com validade até agosto de 2025, em que se compromete a investir mais de US$ 500 milhões na reestruturação e na expansão da Avibras.
A empresa está em recuperação judicial, tem mais de R$ 600 milhões em dívidas, acumula problemas trabalhistas e atrasos no desenvolvimento de produtos encomendados pelo Exército Brasileiro. O Ministério da Defesa e o Exército acompanham de perto as tratativas.
O documento, firmado pelos quatro grupos, prevê a elaboração de um plano de negócios até 4 de abril para assumir a empresa.
Na prática, segundo o próprio memorando de entendimentos, se trataria de uma fusão entre a Avibras e a Akaer.
Sediada em São José dos Campos (SP), principal polo da indústria de defesa do país, a Akaer Engenharia Espacial é uma empresa em franco crescimento e tornou-se destaque no setor.
A Avibras já foi alvo do interesse da chinesa Norinco, mas as Forças Armadas e o governo viam com preocupação a possibilidade de a empresa ir parar nas mãos de um grupo da China, em momento de forte rivalidade geopolítica com os Estados Unidos.
No começo de 2024, a Avibras entrou em tratativas com a companhia australiana DefendTex. O negócio, porém, não foi levado adiante.
A Avibras, que tem sede em Jacareí (cidade vizinha a São José dos Campos), foi uma das pioneiras no país na produção de equipamentos bélicos de ponta, como mísseis e lançadores de foguetes.
Hoje a empresa é controlada e presidida por João Brasil Carvalho Leite, filho de um dos fundadores, que tem mais de 90% das ações.
Segundo relatos feitos por oficiais militares à CNN, o Exército tem cerca de R$ 60 milhões em encomendas à Avibras de produtos que ainda não foram entregues.
Além disso, o ponto alto da parceria da força terrestre com a empresa do Vale do Paraíba gira em torno do Astros — um dos projetos estratégicos do Exército.
O Astros tem como objetivo dotar a força com um sistema de foguetes de artilharia com longo alcance e elevada precisão. A Avibras é parte relevante do programa.
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