Conflito na República Democrática do Congo intensifica-se

Treze soldados internacionais morreram nos últimos dias na RDC. Kinshasa anunciou ontem corte de relações diplomáticas com o Ruanda. ONU apelou, pela primeira vez, à retirada das forças do Ruanda da RDC.


Deutsch Welle

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) antecipou para, este domingo (26.01), uma reunião de emergência sobre a escalada de violência no leste da República Democrática do Congo, onde já morreram vários 'capacetes azuis', disseram hoje fontes diplomáticas.

© Moses Sawasawa/AP/picture alliance

A reunião tinha sido solicitada pelo governo congolês e estava agendada para segunda-feira (27.01). No entanto, por força dos últimos acontecimentos, foi antecipada.

Combates em Goma

Na manhã deste domingo (26.01), soaram tiros intensos em Goma, a poucos quilómetros da linha da frente, enquanto dezenas de crianças e adultos deslocados fugiam do campo de Kanyaruchinya, um dos maiores no leste do Congo, localizado perto da fronteira com o Ruanda, e dirigiam-se para o sul, rumo a Goma.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, admitiu hoje estar "profundamente preocupado com a escalada de violência" e apelou, pela primeira vez, "às Forças de Defesa do Ruanda para que deixem de apoiar o M23 e se retirem do território da RDCongo", de acordo com um comunicado do seu gabinete.

Até agora, o secretário-geral das Nações Unidas tinha-se referido às conclusões de um relatório de referência de peritos da ONU destacando o papel de Kigali ao lado do M23, um grupo antigovernamental envolvido na luta contra o Exército congolês no leste do país.

Também o chefe da diplomacia britânica, David Lammy, se mostrou "profundamente preocupado" com a situação na região.

"Estou profundamente preocupado com os ataques em Goma, que levaram à deslocação em massa de civis, à perda de vidas e à morte de soldados da paz da ONU", escreveu Lammy na rede social X.

Na sexta-feira à noite, juntamente com os Estados Unidos e com a França, o Reino Unido pediu aos seus cidadãos que abandonassem a cidade de Goma.

O exército congolês afirmou no sábado ter repelido uma ofensiva do M23 com a ajuda de forças aliadas, incluindo tropas da ONU e soldados da Missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral na RDCongo (SAMIDRC).

Segundo a ONU, nove soldados sul-africanos das forças de paz foram mortos na sexta-feira, enquanto um militar uruguaio foi morto no sábado. Além disso, já três soldados do Malawi que integravam as forças de paz haviam perdido a vida no leste da RDCongo

Os combates intensificaram-se nas últimas semanas após a suspensão da cimeira de paz prevista para 15 de dezembro em Angola, que deveria contar com a presença dos presidentes congolês e ruandês, Félix Tshisekedi e Paul Kagamé, respetivamente.

Retirada de diplomatas

O Ruanda retirou, na sexta-feira (24.01), o seu último diplomata em Kinshasa.

"Retiramos na sexta-feira, via Brazzaville, o nosso último diplomata, que era alvo de ameaças regulares de responsáveis congoleses", declarou Olivier Nduhungirehe, ministro dos Negócios Estrangeiros do Ruanda, acrescentando que esta retirada ocorreu "antes da chamada nota verbal congolesa", datada do mesmo dia.

Na noite de sábado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da RDCongo anunciou o corte de relações diplomáticas com o Ruanda, ordenando a retirada imediata de todo o pessoal diplomático.

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Ruanda afirma que a decisão de Kinshasa de cortar as relações diplomáticas foi "unilateral" e que foi publicada nas redes sociais antes de ser enviada à embaixada.

"Pela nossa parte, tomámos as medidas adequadas para retirar o nosso diplomata remanescente em Kinshasa, que estava sob ameaça permanente por parte de responsáveis congoleses. Isso foi concluído na sexta-feira, um dia antes da publicação desta nota verbal nas redes sociais", afirmou.


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